Primeiro-ministro preparava-se para falar na Coreia do Sul – mas o microfone já estava ligado. Previsões do FMI “são mais pessimistas do que a realidade”.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa a previsão de crescimento económico mundial para este ano: 2,8%, uma descida ligeira, de 0,1 pontos percentuais, comparando com Janeiro.
A inflação está a cair mais lentamente do que o esperado, e a subida das taxas de juro e a incerteza global originaram estes números.
Na zona euro, a previsão aponta para um crescimento económico de 0,8% (mais 0,1 pontos percentuais do que na previsão anterior).
Para Portugal, o FMI previu um crescimento do PIB de 1% – abaixo dos 1,3% estimados pelo Governo no Orçamento de Estado para 2023 e bem abaixo dos 1,8% da previsão do Banco de Portugal.
O jornal Expresso destaca que a previsão de 1% para Portugal fica acima da previsão 0,8% para a zona euro e dos 0,7% da União Europeia.
Mas a previsão é de crescimento baixo e, assim, Portugal fica num grupo (indesejado) de 10 economias europeias que vão crescer abaixo de 1,2%.
E o facto de a previsão para Portugal ficar acima da média da zona euro não é animador: a média europeia está muito condicionada pela recessão na Alemanha (maior economia na Europa) e também, em menor escala, pelo crescimento zero na Finlândia, na Estónia e na Lituânia.
Estas previsões colocam 11 países europeus com variação do PIB superior ao de Portugal. A Irlanda lidera, seguindo-se Malta e Grécia.
Na inflação deste ano, a diferença entre FMI e Governo é mais evidente: 5,7% para o FMI, 4% nas contas do Executivo. Por outro lado, mais optimista do que os 5,8% do Banco de Portugal.
O FMI deixou um aviso: a economia portuguesa está entre as que correm maiores riscos – em todo o mundo – de uma crise financeira gerada a partir do mercado imobiliário, sublinha o Público. Tem risco de 6 pontos, quando o máximo é 7.
Reacção (e extra) de Costa
António Costa não está preocupado com o panorama global do FMI: “As previsões do FMI tendem sempre a ser mais pessimistas do que a realidade da nossa economia. Desde 2016 que é assim. Não quer dizer que seja matemático, mas (a realidade) tem sido sempre melhor”.
“Todos os indicadores que temos, no que diz respeito à nossa economia, dão-nos razões para estarmos confiantes: neste ano, mais uma vez, a nossa economia vai superar as más perspectivas que às vezes surgem”, disse o primeiro-ministro, na Coreia do Sul.
Estas declarações surgiram em conversa com a RTP. E, segundos antes do início desse diálogo com jornalistas, a RTP entrou em directo – mas provavelmente Costa não sabia.
É que neste vídeo, ao fundo, ouvimos António Costa a dizer “Venho um dia mais cedo, vou um dia mais tarde… São as vidas”. E alguém responde: “Já arranjámos trabalho”.
(dr) RTP
O ZAP não sabe o contexto dessa conversa ao fundo, nem sabe quem estava a falar com o primeiro-ministro.
Mas esta parece ser uma “boca” em relação ao caso do voo de Marcelo Rebelo de Sousa na TAP, quando a empresa recebeu um pedido (não ficou esclarecido de quem) para antecipar um voo do presidente da República, para o chefe de Estado voltar mais cedo de Moçambique – e que iria sacrificar 200 pessoas que tinham voo marcado.