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A Inteligência Artificial já está a mudar o setor da Saúde em Portugal

Já há hospitais portugueses com projetos-piloto onde utilizam a Inteligência Artificial para libertar os profissionais de saúde das tarefas mais simples.

A falta de profissionais de saúde está a aliar-se à Inteligência Artificial (IA) e a criar um “movimento muito disruptivo” no setor em Portugal. “A Saúde, até agora, era uma relação muito desigual. Estas ferramentas põem uma grande responsabilidade no próprio utente, que antes ia ao médico e este lhe dizia o que tinha. Entusiasmante, mas desafiante”, considera Paula Brito Silva, durante um debate sobre o impacto da Inteligência Artificial organizado pela Universidade Nova e pela CNN Portugal.

Paula Brito Silva integra também a direção da CUF, que em fevereiro de 2022 avançou com um projeto onde se alia à IA — um avaliador de sintomas digital na sua aplicação, que permite fazer um “pré-rastreio” e encaminhar o paciente de acordo com o diagnóstico mais provável.

Este é apenas um dos projetos planeados pelo grupo. Outra ideia é criar um chatbot semelhante ao ChatGPT que responda aos utentes que fizeram uma cirurgia e precisam de ser acompanhados, uma tarefa que geralmente cabe a um enfermeiro.

O objetivo é usar a tecnologia para fazer perguntas ao utente e libertar os recursos humanos para tarefas mais especializadas. No entanto, caso se detete algum problema ou falha no sistema, ativa-se o contacto humano.

Já em fevereiro deste ano, o Hospital da Luz juntou-se ao Instituto Superior Técnico num projeto-piloto com 50 utentes com pelo menos duas doenças crónicas. O objetivo é agregar os dados dos pacientes numa plataforma única e permitir aos médicos aceder a informação mais pormenorizada sobre o estado de saúde do doente, como a sua atividade física ou a qualidade do sono — dados que são recolhidos com a ajudar de smartwatches ou tapetes inteligentes colocados nos colchões.

“Muitos dos desenvolvimentos futuros já estão a ser testados, outros nem sequer os conseguimos imaginar”, refere Paula Brito Silva. A responsável acredita que, num futuro próximo, os utentes poderão ter apliações a ajudár-los a gerir a sua medicação, mas por enquanto, os modelos ainda não estão avançados o suficiente.

Pedro Pita Barros, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, lembra que o próprio ChatGPT está ciente das suas limitações.  “Questionando o próprio ChatGPT sobre se ele é um método fiável de diagnóstico, ele admite que só até certo ponto e que depois é sempre preciso um método diagnóstico humano. Nós ainda não temos os instrumentos suficientes para confiar integralmente na Inteligência Artificial para fazer tudo”, explica.

Uma das possibilidades mais entusiasmantes é a análise de imagens por parte dos algoritmos, já que estes são muito melhores a detetar padrões do que os humanos, o que nos permite atuar mais na prevenção.

“Toda a parte de processamento de imagem e de informação baseada em imagem também está muito mais avançada, tendo em conta que os algoritmos já conseguem detetar muito precocemente alterações que o olho humano não consegue encontrar nas imagens. Isso dá um avanço grande na deteção de cancros e outros problemas”, refere Pedro Pita Barros.

Com o envelhecimento da população, antecipa-se que haja uma sobrecarga cada vez maior no sistema de saúde, num país onde os recursos humanos especializados são escassos. Para Paula Brito Silva, o uso da tecnologia é uma oportunidade para libertar os profissionais das tarefas mais rotineiras e burocráticas.

“Nós ainda não vimos o impacto que isto pode vir a ter do ponto de vista da gestão. Não numa lógica de substituição dos médicos, mas sim numa lógica de libertar tempo e trabalho para aquilo que é verdadeiramente importante”, refere.

ZAP //

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