Christine caiu na TAP, mas não quer ir sozinha (Medina é o alvo)

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José Sena Goulão/Lusa

Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP

A CEO demissionária da TAP, Christine Ourmières-Widener, é ouvida, nesta terça-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP que está a analisar o caso da indemnização a Alexandra Reis. E a executiva francesa parece decidida a não “cair” sozinha.

A gestora francesa que foi despedida no seguimento do processo de saída de Alexandra Reis da TAP, com uma indemnização de meio milhão de euros, constesta esse despedimento e deverá lançar duras farpas ao Governo durante a sua audição na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

Na sua defesa, na contestação ao despedimento, Christine Ourmières-Widener aponta o dedo ao ministro das Finanças, Fernando Medina, considerando que não foi “criterioso e consciente” quando nomeou Alexandra Reis para secretária de Estado do Tesouro.

“Ainda que desconhecesse a existência do acordo de saída da engenheira Alexandra Reis, o que por mera cautela se concebe, é obviamente estranho que, enquanto líder criterioso e consciente do elevado padrão dos deveres de cuidado legalmente exigidos, o ministro das Finanças, no momento de nomear uma secretária de Estado que iria ter responsabilidades perante a TAP – empresa pública de central relevância social e indiscutível importância económica no contexto nacional -, não tenha questionado a engenheira Alexandra Reis sobre o motivo que a levou a renunciar ao mandato na TAP e se a mesma se sentia em condições de assumir temas referentes à companhia”, aponta Ourmières-Widener, como cita o Correio da Manhã (CM).

“Também é estranho que o Ministério das Finanças não tenha questionado o departamento jurídico da TAP sobre as condições em que a engenheira Alexandra Reis tinha saído. Relembre-se que o departamento jurídico da TAP tinha essa informação”, acrescenta a gestora francesa.

Alexandra Reis deixou a TAP em Fevereiro de 2022, com uma indemnização de 500 mil euros. Cerca de quatro meses depois, foi nomeada para a presidência da empresa pública NAV – Navegação Aérea de Portugal por Medina e pelo então ministro das Infraestruturas e da Habitação (MIH), Pedro Nuno Santos.

Seis meses mais tarde, Medina escolheu Alexandra Reis para o cargo de secretária de Estado do Tesouro.

Pedro Nuno proibiu Christine de falar com outros ministérios

Mas as farpas de Ourmières-Widener ao Governo não se ficam por Medina. A gestora francesa garante ainda, numa nota prévia enviada à CPI que é citada pelo Observador, que Pedro Nuno Santos a proibiu de fazer contactos directos com outros ministérios e que a instruiu a manter sempre uma ligação directa com o MIH através do então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes.

O Observador refere que essa nota prévia aponta a troca de mensagens entre Ourmières-Widener e Hugo Mendes como uma prova de que o Governo acompanhou o processo de saída de Alexandra Reis, conhecendo o valor da indemnização, até porque terá recomendado que se tentasse baixar a verba.

A gestora francesa diz ainda que Hugo Mendes fazia a ligação com o ministério das Finanças.

Estes argumentos servem para Christine Ourmières-Widener justificar o facto de não ter informado o ministério das Finanças sobre a saída de Alexandra Reis e o valor da sua indemnização.

A ainda CEO da TAP assegura mesmo que Hugo Mendes a repreendeu numa altura em que ela terá tentado contactar directamente o Ministério do Trabalho.

O MIH é a única porta de entrada para o Governo. Não há ligações directas entre a TAP e outros ministérios”, terá sublinhado Hugo Mendes nessa mensagem, como cita o Observador.

“Um mero simulacro jurídico”

Mas a gestora francesa também deixa críticas ao Governo no seu todo, considerando que “degradou a audiência prévia a uma mera formalidade não essencial, desprovida de qualquer sentido útil, sendo irrelevante tudo o que a requerente possa vir aqui dizer”.

Trata-se de “um pró-forma para cumprir calendário, um mero simulacro jurídico destinado a dar aparente cobertura legal a uma decisão política – essa sim prévia e definitivamente já tomada – comunicada publicamente, através de conferência de imprensa, a 6 de Março de 2023, pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, com a absoluta perversão do direito da requerente a participar na decisão do procedimento”, argumenta ainda a gestora francesa.

ZAP //

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12 Comments

  1. Não foi o interesse do Ministério, do Estado e do País que falou mais alto, mas a CUNHA da grande amiga (e ex-colega) da esposa, desde a altura da TAP. Só aqui, há um verdadeiro “tiro na asa”. Mas há outros…

  2. Pois, aqui, é que está o busílis da questão, que atormenta Medina e não só. Por isso é que a gentalha governativa queria impedir que a CEO pusesse a boca no trombone.

  3. Ainda não percebi qual é problema desta sra
    Não tem o que queria ? Milhares sem nada de novo ,eu assim também consigo lucros de muitos milhões tirar até ao tutano nos mesmos de sempre os trabalhadores .

  4. O Medina já ontem era tarde ter sido demitido. Mas como neste País tudo é possível, pois estão todos com o “rabinho” preso, desde a presidência ao Governo, todos têm de fazer fretes uns aos outros, mas com o dinheiro dos portugueses. Depois queixem-se dos populistas.

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