As pessoas com ansiedade tendem a sentir um medo persistente e a preocupar-se em demasia com as situações do dia-a-dia. Na maioria dos casos, estes sentimentos são injustificados. Mas para as pessoas com ansiedade, essas preocupações são muito reais e podem ser extremamente angustiantes.
Quando alguém nos procura para falar sobre com uma preocupação que tem, é importante saber como responder. Infelizmente, poucas pessoas sabem o que dizer nestas situações, e acabam por ser involuntariamente indelicadas.
“As pessoas dizem coisas rudes às que têm ansiedade porque simplesmente não as compreendem, a sociedade não aprendeu a atuar adequadamente nestas conversas”, disse Kelly McKenna, assistente social e especialista em ansiedade.
Também pode acontecer de nos “sentirmos desconfortáveis quando outra pessoa partilha connosco as suas emoções e vulnerabilidades, o que nos pode levar a ter comentários rudes”, acrescentou.
O HuffPost falou com alguns terapeutas e profissionais de saúde mental para obter informações sobre as coisas indelicadas que se podem dizer a alguém com ansiedade e porque não devemos fazê-lo.
“Está tudo na tua cabeça. Não te preocupes tanto”
A pessoa com ansiedade sabe que está na sua cabeça – e essa é uma das partes mais difíceis. Os ansiosos não podem simplesmente deixar de se preocupar tanto. Não conseguem carregar num interruptor para fazer desaparecer a ansiedade. Se fosse assim tão fácil, as pessoas não se sentiriam tão ansiosas o tempo todo.
“Embora se possa dizer isto para ajudar a aliviar a ansiedade de alguém, na verdade é muito desdenhoso e invalidante”, disse Kristin Gill, psiquiatra e diretora da Minded, uma clínica de psiquiatria online concebida para mulheres.
“Acalma-te”
À qualquer pessoa com ansiedade já foi dito para se acalmar. Este tipo de comentário pode ser extremamente invalidante, especialmente em momentos de angústia.
“É algo desdenhoso e diz à pessoa com ansiedade que ela é demasiado” e que está a ser irritante, disse Crystal Britt, assistente social e a fundadora da Get Psyched Therapy & Coaching. Os ansiosos “normalmente já se sentem que estão a sobrecarregar as pessoas”, indicou.
“Pelo menos não estás tão mal como…”
Pode estar familiarizado com o ditado “a comparação é a raiz de todo o mal”. Esta ideia também aplica-se no caso da ansiedade. Embora alguém possa não ter o mesmo conjunto de problemas que um amigo ou familiar, isso não torna os seus problemas menos válidos – são apenas diferentes.
“A comparação com uma experiência que parece pior pode depreciar a experiência emocional da pessoa que se está a apoiar”, referiu a psicóloga Leia Charnin. “Quando comparações como esta são recebidas, o ouvinte pode sentir-se envergonhado por se sentir ansioso. Este ‘feedback’ pode fazer com que o ouvinte se sinta pior”, frisou
“Tens que superar isso”
É preciso muita coragem para se ser vulnerável perto de outra pessoa. Verbalizar essa ideia pode dar a impressão que se está a minimizar o que a pessoa está a passar.
“Alguém com um distúrbio de ansiedade pode não ser capaz de a ultrapassar com um estalar de dedos”, afirmou Kristin Gill. Essas pessoas “precisam de apoio e encorajamento para tratar a ansiedade e dar passos no sentido do progresso”, notou.
“Só precisas de dormir/exercitar mais”
É verdade que dormir e fazer exercício pode ajudar a melhorar os sintomas associados à ansiedade. No entanto, quando alguém nos procura para conversar sobre as suas preocupações, esta é uma das últimas coisas que quer ouvir.
“Se um simples ajuste no nosso tempo pudesse corrigir a nossa ansiedade, já o teríamos feito”, garantiu Crystal Britt, acrescentando: “os problemas de saúde mental raramente têm soluções simples”.
“Não é nada de mais”
Embora possa não lhe parecer nada de especial, a pessoa que se sente ansiosa certamente discorda. Esse é um dos aspetos mais desafiantes de ter ansiedade – tudo parece preocupante.
“Embora essa resposta possa fazer sentido para o orador, o recetor pode sentir-se ignorado, mal compreendido e ainda mais sozinho”, disse Leia Charnin. “Este tipo de mensagem pode involuntariamente ignorar o que é importante naquele momento para a pessoa com quem se está a falar”, concluiu.