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As altas temperaturas despiram os Alpes de neve. No seu lugar, uma improvável planta surgiu

Twitter/Romain Boisset

Catos tomaram conta dos Alpes Suíços

Espécie só deveriam ser encontradas em zonas quentes e áridas, como os desertos norte-americanos.

Os Alpes suíços foram durante anos um cenário idílico para os amantes de neve e dos desportos de inverno. No entanto, as alterações climáticas e a subida as temperaturas motivaram uma alteração profunda na paisagem da região de Valais. Agora, no lugar da neve é comum ver-se opúncias, um género da família cactaceae. De facto, a espécie já cobriu quase um terço da área disponível, ameaçando as plantas nativas que ali costumavam crescer e motivando preocupações ecológicas.

Esta espécie só deveriam ser encontradas em zonas quentes e áridas, como os desertos norte-americanos. Como tal, seria de esperar que os Alpes fossem um território inóspito. Segundo os biólogos, estas espécies conseguem sobreviver em zonas onde as temperaturas máximas chegam aos 38 graus Celsius e as mínimas aos -15.

Estes catos foram originalmente trazidos para a Europa por comerciantes e exploradores há mais de 200 anos. No entanto, as plantas demonstraram muitas dificuldades em prosperar naquele clima durante séculos. Com as alterações nas temperaturas, tal cenário mudou.

De acordo com um estudo publicado pelo Nature Climate Change, os Alpes suíços registaram uma redução de 5.6% por década ao longo dos últimos 50 anos. Simultaneamente, a neve que cai também tende a durar menos 36 dias antes de desaparecer.

Estas alterações têm naturalmente consequências para a economia da região, altamente dependente do turismo de inverno. Alguns resorts de ski, por exemplo, têm mostrado dificuldade em manter-se abertos, ao passo que outros têm optado por uma transformação para estruturas indoor ou com neve artificial.

As autoridades locais já manifestaram o seu desagrado perante a permanência da espécie, mas esta parece indiferente à pobre receção. Segundo o site All That Interesting, os ecologistas temem que as consequências não se cinjam aquela área, já que, como é característica das espécies invasoras, estas tendem a propagar-se com relativa facilidade.

“Quando tens estes catos, nada mais cresce. Cada elemento cobre o solo e limita o crescimento de outras plantas”, descreveu Yann Triponez, um biólogo que trabalha no serviço de proteção natural de Valais. Também Peter Oliver Baumgartner, geólogo da Universidade de Lausanne explicou que existem nove espécies de catos na Suíça, quatro das quais são especialmente invasivas e resistentes às baixas temperaturas.

São precisamente estas quatro espécies que estão a preocupar as autoridades locais, não só porque voltam a nascer precisamente no mesmo local de onde foram retiradas, mas também porque erradicá-las a longo prazo parece ser uma missão impossível.

ZAP //

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