O antigo chefe de gabinete de Elon Musk declarou na quarta-feira que o multimilionário acreditava que tinha um acordo, selado com um “aperto de mãos”, para retirar a Tesla da bolsa em 2018.
Esta situação ocorreu pouco antes de Musk divulgar na rede social Twitter que tinha o financiamento necessário para a aquisição, que abortou e motivou um julgamento muito noticiado que ainda decorre.
Sam Teller, que trabalhou de perto com Musk de 2014 a 2019, detalhou uma série de reuniões entre o seu antigo empregador e representantes do Fundo de Investimento Público saudita.
As suas afirmações foram feitas durante um depoimento que também esclareceu algumas peculiaridades do multimilionário que dirige a Tesla, o fabricante de foguetes SpaceX e a Twitter.
O testemunho de Teller foi prestado no nono dia de um julgamento espoletado por uma ação em nome de acionistas da Tesla, que alegam que Musk os enganou com mensagens distribuídas via Twitter em agosto de 2018.
Nestas mensagens, Musk indicava que tinha garantido o dinheiro que precisava para adquirir o fabricante de veículos elétricos, acabando com os seus oito anos de empresa cotada.
Musk, de 51 anos, gastou muito das suas oito horas de declarações a sustentar que tinha razões válidas para afirmar que tinha “financiamento garantido” para a compra da Tesla, como escreveu na Twitter em agosto de 2018, a 420 dólares por ação, o que valorizava a empresa em 72 mil milhões de dólares na altura.
Teller foi convocado pelos advogados de Musk como forma de dar substância e desenvolver o testemunho do multimilionário.
Na última das cinco reuniões que teve com o fundo saudita, que começaram em janeiro de 2017, Teller disse que Musk tornou-se muito excitado ao discutir a passagem para a categoria de privada (retirada da bolsa) da Tesla com Yasir al-Rumayyan, o gestor do fundo saudita, durante uma reunião em 31 de julho de 2018.
Teller recordou-se de Musk salientar a Al-Rumayyan que a operação seria cara. “Yasir esteve do género ‘Não se preocupe com isso. Temos muito dinheiro‘”, disse Teller.
Ao recordar que viu os dois homens concluírem felizes a reunião, Teller disse: “Foi meu entendimento que tinha um acordo ‘aperto de mãos’ para avançarem” com a retirada da Tesla da bolsa.
Uma semana depois, Musk escreveu na Twitter que tinha o dinheiro para a compra, depois de ter sido alertado que o Financial Times ia divulgar uma história sobre uma compra de cinco por cento da Tesla pelo fundo saudita – algo que ele sabia, mas que não era do conhecimento público.
No meio da confusão geral, sobre se a conta de Musk na Twitter tinha sido pirateada ou se ele estava a brincar, horas depois Musk divulgou outra mensagem a sugerir que o negócio estava iminente.
A perspetiva de venda das ações Tesla causou uma grande instabilidade na sua cotação durante um período de 10 dias, que é agora objeto da ação dos acionistas.
A cotação caiu de forma acentuada, causando perdas de milhares de milhões de dólares, segundo o testemunho de um economista contratado pelos acionistas.
Depois de entidade reguladora da bolsa (SEC, na sigla em Inglês) ter considerado enganadoras as mensagens da Musk, este e a Tesla chegaram a um acordo de 40 milhões de dólares, em setembro de 2018, mas sem reconhecerem más práticas.
Já terá faltado mais para vermos uma qualquer notícia a indicar o fim da Tesla.