O cantor acredita que está na hora de o hino nacional ter um tom “menos bélico”. A proposta divide a sociedade; para uns é uma tentativa de lavar a história, enquanto que outros lembram a mudança dos símbolos das nações é um processo natural.
O mote foi dado por Dino d’Santiago, que lançou uma questão à sociedade portuguesa — será que está na hora de mudarmos o nosso hino nacional? Para o cantor, a canção que encapsula Portugal devia ter um tom “menos bélico” e mais “espiritual”, apelando “ao amor”. “Não gritemos mais ‘às armas, às armas’, e não marchemos mais ‘contra os canhões’”, sugeriu.
Como seria de esperar, a proposta de mudar um dos símbolos mais conhecidos de Portugal está longe de ser consensual, apesar de não ser a primeira vez que isso aconteceria. O nosso país já teve outros dois hinos, tendo A Portuguesa nascido quando Portugal já era uma República.
Numa coisa Dino d’Santiago tem razão: a expressão “marchar contra os canhões” tem um carácter belicista, sendo uma referência à resistência portuguesa ao ultimato dos nossos velhos aliados ingleses.
Em 1890, Portugal e Inglaterra entraram em choque devido à pretensão portuguesa de controlar os territórios entre Angola e Moçambique — mostrada no famoso Mapa Cor-de-Rosa — algo que impediria os ingleses de concretizar o seu sonho de ligar o Egipto à África do Sul de comboio.
Os ingleses acabaram por ameaçar entrar em guerra com Portugal. Perante esta ameaça, o então recém-empossado rei D. Carlos I cedeu às exigências inglesas. A sua capitulação acabou por ser o principal motivo que alimentou a descontentação da população com a monarquia, que acabou por levar ao regicídio em 1908.
Passados mais de 100 anos, estará então na hora de tirarmos este velho rancor por uma disputa colonial com os ingleses do nosso hino?
“Higienizar o passado”
“Concordo completamente com o Dino. É uma reivindicação que já tinha expressado a outras pessoas e que outros países também já expressaram. Neste momento no século XXI quando queremos construir um mundo de paz“, afirma a cineasta Raquel Freire à CNN Portugal. “Não faz sentido nenhum construirmos o nosso imaginário de país e de nação com músicas bélicas, pelo contrário”, frisa.
Vasco M. Barreto, investigador na Universidade Nova de Lisboa e professor na Egas Moniz – Cooperativa de Ensino Superior acredita que a ideia do cantor é “bem intencionada” e refere que Portugal tem de “enfrentar alguns fantasmas do nosso passado, nomeadamente o colonialismo e o esclavagismo”.
No entanto, mudar o hino não é “uma prioridade” e pode ser encarado como uma tentativa de “higienizar o passado”. “Quem faria o novo hino e qual seria o resultado? Antecipo o pior, porque na busca de um consenso impossível o resultado final seria um texto amorfo e anódino”, acrescenta ainda.
Já o historiador e professor universitário Manuel Loff discorda da noção de que mudar o hino seria apagar a história. “Não há forma nenhuma de higienização do passado. Não se trata de eliminar aspectos do passado, mas de assumir que os estamos a ver de forma diferente”, explica.
“As políticas da memória assumidas pelos Estados e pelos poderes públicos” são adapatadas “aos momentos em que vivemos”, pelo que podemos sempre questionar “se o hino ainda nos representa“. “Eu sei que haverá uma enormíssima reação negativa a uma iniciativa dessa natureza, mas acho que é legitimo”, considera, frisando que Portugal tem um “grande embaraço a falar do passado colonial”.
“Pouco nos prende àquelas palavras”
A advogada Carmo Afonso concorda com Manuel Loff. “Mudámos o nome da ponte para 25 de Abril, as mudanças também fazem a História“, refere.
“A letra do nosso hino incita à guerra e à atitude bélica. Não vejo que nos represente e também não vejo que contenha os valores fundamentais que valorizamos e que queremos passar às novas gerações. Pouco nos prende àquelas palavras”, realça.
Por sua vez, Hélder Amaral, ex-deputado do CDS, acredita que não devemos entrar “nesta voragem de que que é preciso pôr tudo em causa e querermos mudar tudo”. “Eu sou mais adepto da estabilidade e da preservação da História porque não podemos estar sempre a querer apagar ou a corrigir a História, ela é o que é. A História tem coisas boas e tem coisas más e os hinos refletem isso mesmo, refletem as coisas boas e as coisas más”, considera.
Já o futebolista Francisco Geraldes acredita que a mudança do hino é “uma questão que pode e deve ser discutida” devido à sua glorificação de uma “história de escravatura, tortura, barbárie” colonialista.
No entanto, o atleta frisa que o hino é apenas um símbolo e não “o problema estrutural em si”. “É um dos sintomas, mas não é a doença. Nesse sentido, o olhar crítico deve ser para o problema estrutural em si”, remata.
Talvez se esteja a dar importância demasiada a este “Artista” , nunca será o facto de mudar duas ou très letras da “Portuguesa” que mudará a mentalidade de cada Um , mas incentivar a xenofobia inutilmente , é sim o verdadeiro perigo , “Preto Estás na tua Terra” Eu Pessoalmente nada vejo que o possa contradizer , mas lembre-se que vive numa Democracia , e como todas elas , com os seus defeitos e virtudes ! . E como jà cheguei a afirmar (Quem semeia ventos sujeitara-se a Tempestades) ! .
Os liberais/maçonaria, vassalos do regime da Inglaterra, nunca aceitaram os Heróis da Revolução de 31 de Janeiro de 1891 e o 05 de Outubro de 1910, que colocaram um fim a 90 anos de ditadura liberal imposta em 1820; tudo aquilo que represente o Interesse Nacional, o Patriotismo, a Identidade de um Povo, a Soberania, História, e a coragem e bravura, os liberais/maçonaria odeiam e querem destruir.
Mudar o hino, novo acordo ortográfico, limpar os quadros de representação de cenas passadas, mudar estátuas, bustos, resumindo mudar tudo o que fala no passado.
Resumindo, lavemos o passado ou escondamo-lo, e passamos a ser uma nascida há “meia dúzia” de minutos!
Não escondamos o passado, somos uma nação secular!
Temos de aprender com os nossos erros, para isso temos de os assumir! E não é branqueando o passado ou maquilhando-o se se muda!
Tem graça porque quem levanta estas questões nunca são portugueses, digamos cujos antepassados são genuinamente portugueses. Já uma famosa deputada do livre achava que as obras de arte existentes na assembleia da república, com motivos históricos, seriam uma ofensa ás antigas colõnias e portanto deveriam ser (Eliminada) Ou retiradas. Por este caminho acho que então devíamos interferir na política das ex- colónias e dizer-lhes ou que achamos estar nelas bem ou mal. Para não adicionarmos mais problemas aos que já temos, e que são muito graves, sou de opinião que deixemos a ” nossa” história estar como está, e que é nossa e imutável. Já nos basta o execrável acordo ortográfico, servido não como aglutinador da língua portuguesa, mas como divisor dessa mesma aglutinação!!!!!!
“descontentação” ????
E estão preocupados com a letra do hino?
Portugal e os portugueses tem problemas importantes para resolver e é nisso que nos temos que concentrar.
Deixem o Hino onde está e como está que não ofende ninguém!
Quem não gostar que não o ouça, não o cante, nem o toque!
Um dia destes ainda aparecerá por aí algum idiota a defender que devemos rasgar e banir os Lusíadas da nossa literatura e considerar Camões como um proscrito!
Se querem ser respeitados, respeitem nossa história e os nossos símbolos! E isto não é pedir muito!