A sonda Rosetta detectou água no cometa que alcançou em agosto, com composição bastante diferente da encontrada na Terra, fortalecendo a hipótese de os oceanos terrestres terem origem nos asteroides, informou hoje a agência espacial europeia ESA.
Um estudo publicado na revista Science, citado pela ESA, revela que no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko o rácio deutério/hidrogénio medido é três vezes maior do que o dos oceanos terrestres e igualmente superior ao do cometa 103P/Hartley 2, também da família dos cometas de Júpiter, onde a composição da água “bate certo” com a da Terra.
Nos meteoritos, com origem na Cintura de Asteróides, a “assinatura” da água encaixa com a da Terra, adianta a ESA, numa nota a propósito do estudo.
Pela comparação entre o rácio de hidrogénio e deutério – uma forma mais pesada de hidrogénio, com um neutrão adicional – na água dos oceanos terrestres e o rácio medido em corpos celestes, os astrónomos podem tentar identificar a origem da água do “planeta azul”.
Apesar de os asteróides terem muito menos teor de água, comparativamente com os cometas, o seu impacto quando colidem na Terra é muito maior, o que pode ter dado origem aos oceanos do “planeta azul”, assinala a agência espacial europeia.
“A nossa descoberta exclui a ideia de que só os cometas da família de Júpiter têm água semelhante à dos oceanos da Terra, e dá peso aos modelos com maior ênfase aos asteróides” como principais meios de transporte da água para a Terra, sustentou a astrónoma Kathrin Altwegg, que lidera a investigação.
A investigação de Altwegg foi conduzida a partir dos dados recolhidos pelo ROSINA, Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis, o espetrómetro da nave Rosetta.
De acordo com a ESA, foram feitas, anteriormente, medições de rácios deutério/hidrogénio em 11 cometas. Somente no cometa 103P/Hartley2 foi encontrada composição de água semelhante à da Terra, na sequência de observações efectuadas com o telescópio de infravermelhos Herschel, em 2011.
As medições do rácio deutério/hidrogénio do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko foram feitas depois de a sonda Rosetta o ter alcançado, a 06 de agosto.
As análises baseiam-se na avaliação de mais de 50 espectros recolhidos entre 08 de agosto e 05 de Setembro.
O cometa viaja em redor do Sol, entre as órbitas da Terra e de Júpiter, demorando seis anos e meio a completar a trajectória.
ZAP / Lusa
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Quem disse uma palermice destas? Nenhum cientista, claro.