Milunka Savić foi uma heroína de guerra sérvia que lutou nas Guerras dos Balcãs e na Primeira Guerra Mundial. Acredita-se que a jugoslava seja a mulher mais condecorada da História.
Foi condecorada com a medalha francesa da Ordem Nacional da Legião de Honra duas vezes, com a russa Cruz de São Jorge, com a britânica Distintíssima Ordem de São Miguel e São Jorge, e com a sérvia Medalha de Bravura Miloš Obilić. Milunka foi ainda a única mulher a receber a francesa Croix de Guerre de ouro pela atuação na Primeira Guerra Mundial.
Apesar dos seus feitos, o nome de Milunka Savić é praticamente desconhecido. No entanto, a sua história é digna de ser ouvida.
Quando o governo sérvio chamou o seu irmão doente para servir na Primeira Guerra dos Balcãs, Milunka cortou o cabelo e fez-se passar por homem. Uma espécie de Mulan, da Disney, dos dias de hoje.
Depois de dez missões, medalhas e promoções, Milunka feriu-se em batalha, atingida por estilhaços búlgaros. Mais tarde, brincou com a situação: “Por sorte, a bala foi direita ao meu peito”.
O incidente acabaria por revelar o seu segredo, recorda o All That’s Interesting. Afinal de contas, não eram permitidas mulheres no exército sérvio. O seu comandante ficou indeciso quanto à punição, não sabendo se era pior tirá-la do exército ou mantê-la lá.
A decisão foi mantê-la no exército sérvio. No entanto, o comandante perguntou se Milunka não preferia ficar a trabalhar na enfermaria. A soldada rejeitou e optou por ir para o campo de batalha.
Milunka Savić destacou-se não só nas Guerras dos Balcãs, como também na Primeira Guerra Mundial, que se seguiu. Durante este período, foi ferida quatro vezes e quase morreu em 1915 durante uma batalha na Macedónia.
Mais tarde, durante a Batalha de Crna Bend, em 1916, aconteceu talvez um dos momentos mais icónicos da heroína sérvia. Milunka capturou sozinha 23 soldados búlgaros.
Termina a sua carreira bélica, recebeu um total de 12 medalhas por bravura da Sérvia e seus aliados. França até lhe ofereceu uma pensão militar pelo seu serviço, mas a soldada escolheu ficar na Sérvia.
Depois das guerras, casou, teve uma filha e adotou outras três. O marido acabaria por a deixar, com Milunka a vestir mais uma vez o fato de heroína, sendo mãe solteira de três crianças e arranjando um emprego como empregada de limpeza no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Com o rebentar da Segunda Guerra Mundial, os nazis ocuparam a Sérvia e espancaram Milunka por ter ajudado membros do movimento de libertação. Os nazis enviaram-na para o campo de concentração de Banjica, onde esteve dez meses em condições terríveis.
Milunka Savić viveu os seus últimos anos na pobreza e morreu vítima de um AVC em 1972.
As histórias escondidas das mulheres-soldado. Em quase todas as culturas há casos idênticos.