A Hertz vai pagar 168 milhões de dólares a clientes que acusou de roubarem os seus carros

Durante anos, a empresa de aluguer de automóveis Hertz acusou falsamente os seus clientes de roubarem os seus veículos – acusações que, para alguns, resultaram em detenções, acusações e penas de prisão.

Segundo avançou recentemente a empresa, citada pela NPR, esta terá que pagar 168 milhões de dólares (cerca de 160 milhões de euros) para resolver essas situações que foram ocorrendo ao longo do tempo.

De acordo com o comunicado da empresa, o acordo abrangerá 364 pessoas falsamente acusadas de roubo de automóveis – número que representa “mais de 95% das reclamações”.

“Como tenho dito desde que entre na Hertz no início deste ano, a minha intenção é liderar uma empresa que coloque o cliente em primeiro lugar. Ao resolver estas reclamações, estamos a agarrar-nos a esse objetivo”, disse o diretor-executivo Stephen Scherr, numa declaração na qual anunciou o acordo.

A questão é que muitas das acusações levantadas pela empresa eram falsas e deviam-se a lapsos nos registos de aluguer.

A NPR conta o caso de uma cliente, que alugou um carro em Chicago e teve um furo num dos pneus. Na altura, ligou à empresa para que o carro fosse rebocado. Meses depois, ao ser parada pela polícia por estar a conduzir sem cinto, foi informada de que tinha um mandado de captura em seu nome. Esteve detida mais de um mês.

Outra cliente, da Florida, prolongou o seu aluguer quatro vezes com a empresa – mas o carro foi dado como roubado antes do fim do período de prolongamento, apesar das comunicações de texto com um funcionário da Hertz, que confirmavam a situação. Também esteve detida durante 37 dias, faltando à sua formatura em enfermagem.

Also semelhante aconteceu com um cliente do Mississippi, que passou mais de seis meses na prisão após a empresa ter denunciado o roubo de um carro que este alugou. Mas a verdade é que o homem tinha devolvido o carro.

Em vários processos judiciais, os clientes relataram que perderam oportunidades de emprego devido às acusações. Outros contaram que foram presos à mão armada.

Embora a empresa tenha tentado manter essas situações em sigilo, após uma reportagem da CBS News ter tornado públicos alguns desses incidentes, a Hertz indicou que os veículos só foram denunciados como roubados após “tentativas exaustivas de chegar ao cliente”.

Muitos dos casos da Hertz envolviam clientes que tinham telefonado para prolongar o seu aluguer, mas esses prolongamentos não foram atualizados nos sistemas informáticos. Noutras situações, carros roubados foram associados a clientes errados, resultando em mandados de capturas.

Devido a isso, “muitos clientes inocentes foram indevidamente detidos, presos, atirados para a prisão, processados e tiveram as suas vidas destruídas”, lia-se num dos processos, citado pela NPR.

A Hertz saiu da falência em 2021, mas os casos de falsas acusações ainda não tinham sido resolvidos. Em abril, Scherr disse que “retificar a situação” era uma das suas prioridades.

ZAP //

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