Estarão os homens a tornar-se inférteis? A contagem de esperma nos últimos 50 anos caiu em mais de 50%, revela um novo estudo.
A contagem de esperma de homens em todo o mundo diminuiu mais de 50% nos últimos 50 anos, segundo um novo estudo realizado por investigadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.
O fenómeno verificou-se sobretudo desde o ano 2000 até agora. Os resultados foram publicados, na semana passada, na revista Human Reproduction.
A contagem de esperma é um indicador não apenas da fertilidade de um homem, mas também possivelmente da sua saúde. Uma baixa contagem de esperma pode indicar um aumento no risco de morbilidade, escreve o The Jerusalem Post.
O autor principal do estudo, Hagai Levine, sugere que as descobertas são como um “canário numa mina de carvão” e, se não forem mitigadas, “podem ameaçar a sobrevivência da humanidade”.
A notícia parece um contrassenso, já que ainda há poucos dias o planeta Terra atingiu o número redondo de 8 mil milhões de habitantes. Mas é bem real.
“Como nas alterações climáticas, o impacto pode ser diferente em lugares distintos, mas geralmente o fenómeno é global e deve ser tratado como tal”, explicou Levine. “Parece uma pandemia. Está em toda a parte. E algumas das causas podem permanecer connosco por muito tempo”.
De acordo com os autores do estudo, o aquecimento global e a poluição do ar são os principais culpados da drástica redução da contagem de esperma. A exposição a substâncias químicas e o tabagismo antes do nascimento também são possíveis culpados, assim como a exposição a pesticidas, tabagismo, stress mental e má nutrição na vida adulta.
Em média, um homem liberta quase 200 milhões de espermatozoides ao ejacular. Se basta apenas um único para fertilizar o óvulo de uma mulher e engravidá-la, seria de pensar que não há problema neste decréscimo. No entanto, como o ZME Science, a conceção é muito mais complicada do que isso.
O caminho até ao útero não é fácil e não é por acaso que poucos ou nenhuns espermatozoides sobrevivem. O ideal é uma concentração na ordem dos 40 milhões de espermatozoides por mL.
Se as descobertas forem confirmadas e a queda continuar, escreve a CNN, podem haver implicações importantes para a reprodução humana.
Os autores do novo estudo relatam uma queda na contagem média de espermatozoides de 104 para 49 milhões por mililitro de sémen, o que é extremamente próximo de um ponto crítico na fertilidade mundial.
Alguns peritos argumentam que não estão convencidos com os dados, porque os métodos de contagem de esperma mudaram tanto ao longo do tempo que não é possível comparar números antigos e modernos.
“A forma como a análise do sémen é feita mudou ao longo das décadas. Melhorou. Tornou-se mais padronizada, mas não de forma perfeita”, disse à CNN Alexander Pastuczak, da Universidade de Utah.
De momento, o único consenso entre cientistas é que o assunto precisa de ser mais investigado.