Nasceu hoje algures um bebé. É o habitante número 8 mil milhões da Terra

Exercícios de matemática misturados com memória, olhar para o planeta Terra e pensar nas “oportunidades”.

É um denominado “número redondo”, atingido no dia 15 de Novembro de 2022.

A partir de hoje, terça-feira, o planeta Terra é o lar para 8 mil milhões de pessoas.

No momento da elaboração deste parágrafo, o portal worldometers mostrava que 8.000.039.682 pessoas vivem na Terra.

Até há cerca de 200 anos nem tínhamos chegado aos mil milhões de humanos. Há um século éramos menos de 2 mil milhões.

Mas o século XX foi o século de “explosão demográfica”: a Organização das Nações Unidas demonstra que em 70 anos, entre 1950 e 2020, a população na Terra mais do que triplicou.

À “boleia” do Público, vemos que há 50 anos a Terra tinha menos de 4 mil milhões de habitantes, há 25 anos menos de 6 mil milhões e, há 10 anos, havia 7.2 mil milhões de humanos.

Estima-se que, até 2080, passemos a ser 10.4 mil milhões de pessoas. “Este número, os 8 mil milhões, na verdade não é o limite. Seremos no final do século qualquer coisa em torno de 10 mil milhões”, confirma Paulo Machado, presidente da Associação Portuguesa de Demografia, no Diário de Notícias.

Agora, com 8 mil milhões de habitantes, continua a tendência: na Ásia vive mais de metade da população mundial. Há quase 3 mil milhões de pessoas só na China e na Índia – só esses dois países são o lar de um terço do mundo inteiro!

Na Europa o cenário é de declínio, reforça o Expresso: um continente que só tem 7% de todos os habitantes já começou a perder pessoas e vai perder ainda mais ao longo das próximas décadas. Há 747 milhões de europeus em 2022 e poderá haver 587 milhões de europeus em 2100.

O maior problema no planeta, segundo Paulo Machado, é o facto de cada vez mais pessoas viverem perto do mar e as alterações climáticas consequentes dessa deslocalização de milhões de pessoas.

Numa altura em que muito se fala sobre a protecção do planeta, do ambiente, tentando que os recursos são cada vez mais escassos, o dia de sobrecarga da Terra chega cada vez mais cedo.

A sobrecarga anual é o dia, todos os anos, em que a pressão humana sobre os recursos naturais passa a ser maior do que a capacidade regenerativa dos ecossistemas.

Marta Leandro, da Quercus, avisa: “No final dos anos 70, por exemplo, este dia era praticamente no final do ano, e este ano aconteceu a 28 de Julho“.

Noutra perspectiva, Catarina Furtado escreveu na Visão que “ao celebrarmos os 8 mil milhões de pessoas, estaremos a celebrar 8 mil milhões de oportunidades transformadoras“.

“Se não o fizermos, com sentido de honestidade, compromisso, ética, decência, num exercício de cidadania activa responsável colectiva e individual, perdemos a possibilidade de mudança: as pessoas têm mesmo de ser o centro da decisão política”, apelou.

Estamos a viver mais

Segundo os dados da ONU, já no próximo ano, a Índia deve ultrapassar a China como país mais populoso do planeta. Ambos os países têm já cerca de 1,4 mil milhões de habitantes.

A China tem mais cerca de 14 milhões de pessoas que a Índia, e poderá observar um declínio da sua população a partir do ano que vem.

Um dos principais fatores na origem do aumento populacional dos últimos anos é que estamos a viver mais mais. A esperança de vida global tem subido nas últimas décadas.

Em 2019, a esperança de vida no mundo era de 72,8 anos — um aumento de quase nove anos em comparação com 1990. Segundo a ONU, essa expectativa deve continuar a subir, devendo atingir os 77,2 anos em 2050.

Em todo o mundo, o número de mortes em relação ao tamanho da população tem vindo a diminuir desde a década de 1950. Nas próximas décadas, as projeções das Nações Unidas prevêem uma diminuição gradual contínua nas taxas de mortalidade específicas por idade.

Apesar do aumento populacional, a taxa de fecundidade — o número médio de filhos que cada mulher — tem vindo a cair em todo o mundo.

Em 2021, cada mulher dava à luz em média 2,3 crianças, em comparação com cinco em 1950. A expectativa é de que a taxa mundial de fecundidade caia ainda mais, atingindo os 2,1 até 2050.

A população mundial continua a crescer, mas a um ritmo menos acelerado do que no passado. Em 2020, o aumento da população caiu para um ritmo abaixo de 1% pela primeira vez desde 1950.

O relatório da ONU indica que a população mundial atingirá um pico de 10,4 mil milhões em 2080 e que esse patamar ficará estável até 2100, devendo então começar a cair.

Algumas regiões do planeta — como América Latina e Caraíbas, Europa, América do Norte, Leste e Sudeste da Ásia e Ásia Central e do Sul — devem atingir o tamanho máximo das suas populações antes de 2100, entrando num processo de declínio populacional antes de o século terminar.

A ONU atribui grande parte do crescimento populacional previsto para 2050 à atual estrutura etária da população, considerada jovem.

Mesmo que os governos venham a implementar programas para tentar reduzir a taxa de fertilidade, a população continuará a crescer — devido à estrutura herdada do passado, diz o relatório.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP // BBC

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