Os habitantes da ilha de Lesbos, na Grécia, estiveram, durante a madrugada, numa operação de ajuda aos migrantes que, no meio de destroços do barco naufragado e do mau estado das águas, tentaram trepar em segurança os penhascos íngremes da ilha.
Segundo avançou a guarda costeira da ilha de Lesbos, no leste da Grécia, os cadáveres de 16 jovens africanas, de um homem e de um menino foram recuperados do mar, onde caíram quando o bote que os transportava, e a mais cerca de 20 pessoas, afundou.
Doze desses migrantes continuam desaparecidos, adiantou a guarda costeira, referindo ainda que 10 mulheres foram resgatadas com vida.
O segundo naufrágio foi registado a várias centenas de quilómetros, ao largo da ilha de Citera, quando um veleiro atingiu as rochas e afundou.
Os corpos de pelo menos quatro migrantes foram vistos no meio dos detritos do barco, sob as falésias, mas as mortes só serão oficialmente registadas quando os corpos forem recuperados, disseram as autoridades.
A mesma fonte acrescentou que 80 pessoas, provenientes do Irão, Iraque e Afeganistão, foram resgatadas, estando ainda a decorrer uma busca por 11 pessoas ainda desaparecidas.
Vários sobreviventes foram puxados com cordas por habitantes da ilha, apesar das dificuldades acrescidas pelo vento, que chegou aos 70 quilómetros por hora durante a noite.
Os vários naufrágios que vitimam migrantes que tentam chegar à Europa através da Grécia têm aumentado a tensão entre os vizinhos Grécia e Turquia sobre fronteiras marítimas e migração.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, expressou hoje “profunda tristeza pela trágica perda de vidas” e elogiou os esforços “heroicos” dos socorristas.
“Este é um momento para cooperar muito mais substancialmente a fim de evitar que este tipo de incidentes volte a acontecer e erradicar completamente os traficantes, que usam pessoas inocentes” que tentam chegar à Europa em barcos insalubres, acrescentou Mitsotakis.
Atenas tem acusado a Turquia de não combater os traficantes de seres humanos na sua costa e até de usar migrantes para exercer pressão política sobre a União Europeia.
A maioria dos migrantes que chegam à Grécia vem da vizinha Turquia, mas os traficantes mudaram de rota – muitas vezes assumindo maiores riscos – nos últimos meses, num esforço para evitar as águas fortemente patrulhadas ao redor das ilhas do leste grego, perto da costa turca.
“Mais uma vez, a tolerância da Turquia para com grupos de traficantes implacáveis custou vidas humanas”, disse o ministro grego da Navegação, Yannis Plakiotakis.
“Enquanto a guarda costeira turca não impedir as suas atividades, os traficantes amontoam pessoas desafortunadas, sem medidas de segurança, em barcos que não resistem às condições climáticas, colocando as suas vidas em perigo mortal”, acrescentou.
A Turquia nega as acusações e acusa publicamente a Grécia de realizar deportações sumárias imprudentes, conhecidas como ‘pushbacks’.
Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas no mês passado, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou a Grécia de “transformar o mar Egeu num cemitério” e mostrou fotos de crianças migrantes mortas.