“A mulher de César é séria”. Ana Abrunhosa reage à polémica sobre fundos europeus do marido

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Tiago Petinga / Lusa

A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa

A ministra Ana Abrunhosa publicou um artigo de opinião em que explica a recente polémica relativa aos fundos comunitários atribuídos a uma empresa do seu marido.

O caso tem dado pano para mangas na imprensa nacional. Duas empresas detidas parcialmente pelo marido da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, beneficiaram de quase 200 mil euros em fundos comunitários.

A ministra, que tutela as entidades responsáveis pela gestão destes fundos, tem estado debaixo de fogo nos últimos tempos, embora negue qualquer incompatibilidade.

Esta segunda-feira, a governante publicou um artigo de opinião no jornal Público em que se defende das acusações de que tem sido alvo. Ana Abrunhosa garante não ter tido qualquer intervenção na atribuição dos fundos comunitários às empresas de António Trigueiros de Aragão.

“Para que fique absolutamente claro: nem eu, nem nenhum dos meus Secretários de Estado, alguma vez tivemos intervenção, direta ou indireta, no processo de aprovação de candidaturas, nem na atribuição de qualquer apoio financeiro”, afiança a ministra.

Abrunhosa começa por garantir que agiu “sempre com legalidade” e cumpriu sempre com o seu “dever de imparcialidade” com total transparência.

Aliás, garante ainda que na sua Declaração Única de Rendimentos, Património, Interesses, Incompatibilidades e Impedimentos, declara todas as empresas participadas pelo seu marido.

A governante reiterou que não acompanha os negócios do seu marido, embora António Trigueiros de Aragão tenha confirmado que falou com a ministra na altura da candidatura aos apoios comunitários.

“Sei que a minha mulher, já no âmbito das suas funções enquanto ministra, pedira pareceres jurídicos para analisarem (então em abstrato) esta questão, caso alguma vez ela se colocasse”, explicou o empresário.

Um próprio parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sublinhou que não é ilegal, embora fale na “obscuridade” da lei e sugira aos legisladores que “ponderem cuidadosamente” sobre o que está em causa.

Ana Abrunhosa explicou o porquê de ter pedido o parecer: “Nada disto fiz porque tivesse dúvidas, repito, mas para que no escrutínio a que estamos sujeitos como governantes – e bem –, não restassem quaisquer dúvidas.

A empresa de Trigueiros de Aragão candidatou-se a 30 de outubro de 2020, a um aviso aberto quase oito meses antes. “Ora, uma empresa com informação privilegiada não esperaria pelo final do aviso, correndo o risco de não conseguir sequer candidatar-se”, salienta a ministra.

O facto da empresa ter sido constituída pouco tempo antes de ter submetido a candidatura aos fundos europeus também é abordado por Ana Abrunhosa: “É absolutamente comum no mundo empresarial, sempre que se lançam atividades novas”.

“Poder candidatar-se a apoios europeus é um direito que todos os cidadãos e empresas têm. O meu marido, cidadão e empresário, jamais poderá ser privilegiado por ser casado comigo, mas também não deveria ser prejudicado por essa mesma realidade”, escreve a ministra da Coesão Territorial.

“À mulher de César nunca bastou ser séria, sempre teve de parecer. Mas o problema não é esse. É quando queremos que César deixe de ser César e se torne um cidadão de segunda”, acrescentou.

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7 Comments

  1. Onde a ministra erra é na questão do tempo, ou seja o provérbio já tem séculos; no século XXI a mulher se césar tem que ser e parecer honesta e o psudo césar é um cidadão como outro qualquer, isto no séc XXI e não de uma casta favorecida.
    Pergunta sacramental: se ela já sabia que o marido tinha empresas e concorria a fundos, ainda para cima do ministério que lhe calhou,tanto assim que se procurou escudar em pareceres, sendo séria, porque aceitou ?
    Não tem mais nada do que fazer na vida ?

  2. A ministra não infringiu a Lei, apenas não teve ética, mas como para estes politicos de agora a ética não existe, está tudo bem!

  3. Ficamos a saber que para esta ministra um cidadão de segunda poderá ser um trabalhador por conta de outrém que age de acordo com princípios éticos, enquanto um cidadão de primeira é o empresário que só busca o lucro da empresa sem se importar com a moralidade na forma como lucra.

    • Esta senhora está ferida de morte política. Por isso é que solidarizou com o Lenin dos dois aeroportos e da TAP esfrangalhada.

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