A humanidade não está preparada para a próxima super-erupção, alertam especialistas

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Din Muhammad Sumon / Flickr

As guerras e as alterações climáticas não são as únicas ameaças para a Humanidade. Antes de a começarmos a habitar, a Terra já tinha muitos perigos, alguns dos quais a nossa espécie ainda mal experimentou.

Um dos perigos mais conhecidos vem dos asteroides, como o que se suspeita ter devastado os dinossauros há 65 milhões de anos. Outro são os vulcões.

“Ao longo do próximo século, as erupções vulcânicas em grande escala têm uma probabilidade centenas de vezes maior de ocorrer do que os impactos de asteroides e cometas”, indicou Michael Cassidy, professor na Universidade de Birmingham, e Lara Mani, investigadora na Universidade de Cambridge, citados pelo Science Alert.

Num artigo publicado na Nature, os especialistas indicaram que os governos e agências a nível mundial gastam anualmente centenas de milhões em defesa planetária, mas deixam de lado o investimento na preparação para uma super-erupção. “Isto precisa de mudar”, referiram.

Os vulcões, ao contrário dos asteroides, já estão na Terra, espalhados pelo planeta. Muitas vezes cobertos por cenários pitorescos, que camuflam o seu potencial destrutivo. E embora os humanos tenham visto erupções nos tempos modernos, as erupções de super-vulcões ocorrem de 15.000 em 15.000 anos, ou mais.

A última super erupção deste tipo aconteceu há cerca de 22.000 anos, de acordo com o US Geological Survey – uma “super-erupção” tem uma magnitude de 8, a mais alta classificação no Índice de Explosividade Vulcânica.

A mais recente erupção de magnitude 7 ocorreu em 1815, no Monte Tambora, na Indonésia, matando cerca de 100.000 pessoas. As cinzas e o fumo reduziram as temperaturas globais em cerca de 1 grau Celsius, originando o “Ano Sem Verão”, em 1816. Houve fome, surtos de doenças e violência, lembrou o Science Alert.

A partir de 1815 a monitorização de vulcões melhorou, mas não o suficiente para compensar os riscos que se enfrentam.

A população aumentou significativamente desde o início do século XIX, notaram Cassidy e Mani, e algumas grandes áreas urbanas floresceram perto de vulcões. As pessoas estão também mais dependentes do comércio global, pelo que a agitação num lugar pode estimular a escassez de alimentos e outras crises noutros locais.

Num estudo publicado em 2021, um grupo de investigadores indicou que os intervalos entre erupções catastróficas são centenas ou milhares de anos mais curtos do que se pensava anteriormente.

De acordo com Cassidy e Mani, é necessário realizar mais estudos sobre núcleos de gelo e desenvolver registos históricos e geológicos – incluindo de núcleos marinhos e de lagos -, especialmente em regiões de alto risco mas pobres em dados, como o Sudeste Asiático.

“Também precisamos de mais investigação interdisciplinar para nos ajudar a prever como uma super-erupção pode afetar a civilização”, acrescentaram, apontando riscos para o comércio, a agricultura, a energia e as infraestruturas.

Uma monitorização terrestre, aérea e por satélite mais abrangente e a sensibilização e educação da comunidade são outros pontos-chave. As pessoas precisam de saber se vivem em zonas de perigo vulcânico, como se preparar para uma erupção e o que fazer quando esta acontece, frisaram.

As autoridades precisam ainda de criar formas de transmitir alertas públicos quando os vulcões entram em erupção, reforçaram os especialistas, através de mensagens de texto com detalhes sobre evacuações, dicas para sobreviver a uma erupção e instruções sobre abrigos e instalações de cuidados de saúde.

ZAP //

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1 Comment

  1. Naturalmente a Humanidade não está preparada para uma catástrofe deste tipo – nem de nenhum outro tipo, seja uma guerra nuclear, seja o agravamento do clima e as suas consequências. Talvez esteja um pouco melhor preparada para os maremotos depois da catástrofe de 2014 no Indico…

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