A erupção do vulcão Tonga foi, oficialmente, a maior do século XXI

Tonga Meteorological Services

Cientistas dispõem atualmente de uma vasta rede com centenas de estações de monitorização sísmica, através dais quais chegam a dados de forma rápida e independentemente da localização do abalo.

Já é oficial: depois de análises cuidadosas dos dados, a erupção do vulcão Tonga de 2022 foi confirmada como a maior do século XXI, ao nível das maiores erupções alguma vez registadas.

Tendo ejectado material equivalente a 10 quilómetros cúbicos, gerando uma onda de choque atmosférico que deu a volta o mundo várias vezes e produzindo uma pluma de cinzas com metade do tamanho de França, a erupção foi equivalente, em força, à erupção de 1991 do Monte Pinatubo, nas Filipinas.

Para chegarem a esta constatação, os investigadores utilizaram um algoritmo recentemente desenvolvido para identificar a escala da erupção de Tonga, diminuindo significativamente a quantidade de trabalho de campo e as medições diretas necessárias. A classificação do Índice de Explosividade Vulcânica (VEI) para a explosão foi fixada em 6, esperando-se uma erupção deste tipo uma vez a cada 50-100 anos.

O VEI tem um máximo de 8 -, o qual está reservado para erupções que ocorrem a cada 50.000 anos ou mais. Na realidade, há dezenas de milhares de anos que estas não acontecem, apontam os cientistas. Estas explosões podem produzir até 1000 quilómetros cúbicos de volume de material ejetado.

A existência de um algoritmo como este é incrivelmente útil para os profissionais da área, tendo em conta que muitas erupções ocorrem em locais remotos onde não há equipamento nas proximidades para medir diretamente o evento.

Atualmente, os cientistas têm uma vasta rede de centenas de estações de monitorização sísmica, com estas a poderem captar muito rapidamente todas as reverberações no solo, mesmo as que acontecem a longas distâncias. São essas ondas sísmicas que esta nova abordagem utiliza para calcular o tamanho da erupção.

Além disso, o algoritmo é capaz de estimar o tamanho da erupção vulcânica em apenas uma hora, se houver dados suficientes disponíveis, o que pode ajudar a avaliar o tamanho da nuvem de cinzas resultante – e como essa nuvem pode afetar o ambiente à sua volta.

A erupção em Janeiro de 2022 destruiu 90% da ilha desabitada de Hunga Tonga Ha’apai, que só emergiu em 2015 após outra erupção, ainda que mais pequena, lembra o Science Alert.

Os especialistas pensam que a forma como o vulcão explodiu, diretamente na água do mar em vez de ao ar livre, pode ter tido algo a ver com a escala da explosão subsequente, e também com a força e a distância coberta pelos tsunamis subsequentes.

“Apesar da riqueza sem precedentes de dados científicos de alta qualidade e rapidamente disponíveis, os principais parâmetros quantitativos da erupção vulcânica Hunga Tonga, tais como o seu tamanho em comparação com as erupções principais anteriores, não puderam ser estimados rapidamente com algoritmos de monitorização ‘padrão'”, descrevem os investigadores no seu artigo. “Isto enfatiza a necessidade de desenvolver novas abordagens para a análise de observações instrumentais”.

Os investigadores admitem que o seu algoritmo equivale a um “quadro simples” por agora e que pode ser aperfeiçoado de muitas maneiras no futuro. No entanto, este já é capaz de fazer cálculos em tempo real sem um enorme esforço computacional. À medida que se recolhem dados sobre mais erupções, o algoritmo pode ser ainda melhorado.

ZAP //

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