Há padres suspeitos de pedofilia ainda no ativo. D. Manuel Clemente esteve reunido com o Papa para falar sobre os abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa.
Um padre denunciou 12 sacerdotes por suspeitas de pedofilia, avança o jornal Expresso, acrescentando que metade deles ainda está no ativo. O denunciante revelou os casos, há dois meses, à comissão independente que investiga pedofilia na Igreja Católica.
O pároco, cuja identidade não foi revelada, encheu dossiers com informações que foi recolhendo ao longo dos anos sobre os sacerdotes em questão. Alguns dos casos de pedofilia em causa terão começado nos anos 90.
O padre recolheu testemunhos de várias vítimas que alegam ter sido assediadas e abusadas. Um dos jovens acabou mesmo por se suicidar após os abusos, quando tinha apenas 15 anos. A família da criança apresentou queixa ao Patriarcado de Lisboa, que limitou-se a transferir o padre para uma paróquia onde voltaria a ser acusado dos mesmos crimes.
Em causa estão 12 casos de abusos sexuais contra menores. Metade dos párocos suspeitos permanece no ativo, escreve o Expresso.
Em entrevista à RTP, um sacerdote da diocese de Lisboa confirmou que há padres acusados de abusos sexuais que ainda estão no ativo.
“Ainda hoje estão no ativo padres sobre quem recaem fortes suspeitas de abuso sexual de crianças ou jovens”, disse o padre que, desde 1997, acompanha jovens abusados sexualmente por dois padres. Um deles continua a exercer.
O relato dos abusos foi transmito ao então Patriarca D. António Ribeiro, que terá mudado o alegado agressor de paróquia.
“Não podemos aceitar tanta indiferença e sofrimento, pelo que temos de fazer tudo para termos não só crianças como adultos mais felizes e com horizontes de mais dignidade”, dizem Manuela e António Ramalho Eanes, ex-presidente da República, em prol da campanha “Dar Voz ao Silêncio”, que visa apelar a vítimas para que denunciem crimes de abuso sexual na Igreja.
Além do casal Ramalho Eanes, também o humorista Bruno Nogueira, a cientista Maria Manuel Mota e a pianista Maria João Pires juntaram-se à causa.
D. Manuel Clemente reuniu-se com o Papa
O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, reuniu-se esta manhã com o Papa Francisco, numa audiência privado no Vaticano.
O encontro foi pedido por D. Manuel Clemente e, segundo o comunicado do Patriarcado de Lisboa, “realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal”.
O Cardeal-Patriarca de Lisboa soube de uma denúncia de abusos sexuais a um menor na década de 90, mas não a comunicou às autoridades nem afastou o padre das funções.
“Aceito que este caso e outros do conhecimento público, e que foram tratados no passado, não correspondem aos padrões e recomendações que hoje todos queremos ver implementados”, escreveu, entretanto, numa carta aberta.
É preciso investigar “até ao fim”
O Presidente da República defendeu que não há nada mais importante do que o apuramento da verdade, apontando a necessidade de se levarem até ao fim as investigações relacionadas com abusos sexuais sobre menores por padres.
“É preciso levar a investigação até ao fim, demore o tempo que demorar, independentemente do número de casos que houver e daí retirarem as ilações. Acho que a comunidade portuguesa e as várias instituições, no caso também da Igreja Católica, devem retirar as conclusões desse procedimento do passado”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa.
“O que mata as instituições é o medo de apurar a verdade e vão apodrecendo. A capacidade de descobrir, denunciar, punir é uma capacidade de instituições vivas e de um Estado de direito vivo”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda que, como acontece sempre em atividades que se consideram que possam vir a ser criminosas, ou foram criminosas, devem ser investigadas.
“Devem ser investigadas pela Comissão, chegando à Comissão, devem ser investigadas pelo Ministério Público, isto é, pelas autoridades judiciais para procederem em conformidade. É assim num Estado de direito, é assim que deve ser”, concluiu.
De acordo com outra notícia publicada pelo jornal Expresso, o bispo da Guarda, Manuel Felício, e o bispo emérito de Setúbal, Gilberto Reis, são suspeitos de encobrimento, havendo também outros casos.
“Há pelo menos mais dois bispos que, além de Manuel Clemente, terão tido conhecimento de queixas de abusos por parte de padres e que não comunicaram essas suspeitas quer à Polícia Judiciária quer ao Ministério Público, as autoridades civis com competência para investigar este tipo de crimes”, informou o semanário.
Daniel Costa, ZAP // Lusa
Há que apurar, IDENTIFICAR e CONDENAR todos esses CRIMINOSOS e quem lhes deu cobertura até hoje, com penas civis, ou pior, pois trata-se de padres, pessoas que se dizem serem representantes de Deus na terra, em quem pais e toda a comunidade confia.