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A solução para a crise climática está nas mãos de apenas 10 entidades

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O futuro do planeta está nas mãos de apenas 10 entidades, onde se incluem governos, bancos e gestoras de investimentos. Apenas 200 empresas têm poder de decisão sobre 98% das potenciais emissões feitas pela exploração das reservas de combustíveis fósseis que ainda restam.

Apagar as luzes quando não precisamos delas, reduzir o consumo de carne, andar menos de carro, comprar menos fast fashion ou trocar as palhinhas de plástico por alternativas de papel ou metal são apenas algumas as mudanças que nos são recomendadas para ajudarmos a salvar o nosso planeta.

Mas a verdade é que todos estes esforços serão em vão se um grupo de elites não mudar a sua postura. Segundo um novo estudo publicado na Environmental Innovation and Societal Transitions, apenas 200 empresas têm nas suas mãos 98% das potenciais emissões das reservas que ainda restam de petróleo, carvão e gás natural, sendo fundamental que estas não sejam exploradas para salvarmos a Terra.

No pior cenário, as reservas de combustíveis fósseis destas 200 empresas podem emitir mais 674 gigatoneladas de gases com efeito de estufa para a atmosfera, mais do que o suficiente para que a temperatura global suba acima dos 1,5ºC que foram estipulados como o limite máximo no Acordo de Paris.

Dentro deste grupo de 200 empresas, apenas 10 entidades, incluindo bancos, governos e gestoras de investimentos, são donas de 49,5% das potenciais emissões das maiores empresas de exploração fóssil do mundo.

O futuro do planeta depende assim da Blackrock, da Vanguard, do Governo da Índia, do reino da Arábia Saudita, da Dimensional Fund Advisors, da Life Insurance Corporation, do Norges Bank, da Fidelity Investments e do Capital Group.

A equipa criou um mecanismo de avaliação para chegar a estes 10 nomes, combinando os investimentos e propriedades no sector combustíveis fósseis nas 200 maiores produtoras do mundo.

“Individualmente, reduzir a procura pelos combustíveis fósseis ao conduzir ou viajar de avião menos ou desligar o ar condicionado é óptimo. Devemos continuar a fazer isso. Mas também temos de reduzir a nossa produção de combustíveis fósseis, algo em que estes 10 actores podem liderar”, revela Truzaar Dordi, investigador que liderou o estudo, num comunicado.

O especialista acredita que os Governos e os investidores têm de estar na linha da frente da mudança: “Ter um número concentrado de investidores com o potencial de influenciar a trajectória da indústria dos combustíveis fósseis ou é um problema ou uma oportunidade, dependendo de como se vê as coisas. Sem eles, simplesmente não conseguiremos alcançar as metas das emissões e evitar uma catástrofe“.

O estudo sugere ainda algumas das formas como estas 10 entidades podem ser veículos da mudança, como divulgar publicamente as metas para diminuírem progressivamente os financiamentos à indústria dos combustíveis fósseis ou fazer uma avaliação ao impacto que uma subida de 2.ºC da temperatura teria no planeta.

Em 2017, um relatório da Carbon Majors concluiu que apenas 100 empresas são responsáveis por 71% das emissões de dióxido de carbono desde 1988. As exploradoras de combustíveis fósseis ExxonMobil, Shell, BP e Chevron foram as principais culpadas.

Recentemente, os mais ricos têm também estado sob fogo por serem os principais responsáveis pelas alterações climáticas. Um estudo de Novembro da Oxfam concluiu que as emissões do 1% mais rico da população mundial serão 30 vezes maiores do que aquilo que é necessário para se conseguir manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5ºC.

O 1% do topo, que são menos do que os 83 milhões de habitantes da Alemanha, estão a seguir uma tendência de emissão de 70 toneladas de dióxido de carbono por pessoa anualmente. Estes valores são um grande contraste com a mera tonelada anual que a metade mais pobre do planeta emite.

Até 2030, estima-se que os mais ricos serão os causadores de 16% de todas as emissões, apesar de o impacto das alterações climáticas ser maioritariamente sentido pelos países mais pobres e pelas populações mais marginalizadas.

Adriana Peixoto, ZAP //

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