O Governo japonês decidiu esta sexta-feira realizar um funeral de Estado em 27 de setembro para o antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 08 de julho, numa decisão que divide a opinião pública do país.
Matsuno sublinhou ainda a “excelente liderança e ações decisivas” de Abe em amplas áreas, incluindo recuperação económica, promoção da diplomacia com os Estados Unidos e reconstrução após o tsunami de 2011.
O porta-voz disse que o funeral será uma cerimónia não religiosa, realizada no Nippon Budokan, uma arena construída para as Olimpíadas de Tóquio de 1964 e que desde então se tornou um local popular para eventos culturais e desportivos.
O funeral religioso privado de Abe realizou-se na semana passada, num templo em Tóquio, com cerca de mil pessoas, entre políticos e líderes empresariais.
Dirigentes estrangeiros serão convidados para o funeral de Estado de Abe, disse Matsuno, embora mais detalhes, incluindo o custo estimado e o número de participantes, ainda não tenham sido divulgados.
O líder do partido comunista japonês, Kazuo Shii, já se opôs à ideia, dizendo que tais planos implicariam o “apoio total do Governo às opiniões políticas do Sr. Abe, que na realidade estão largamente divididas entre o público”.
A utilização dos impostos estatais para um funeral de Abe também não é consensual entre líderes de oposição.
Dezenas de pessoas protestaram esta sexta-feira junto ao gabinete do primeiro-ministro. Um líder da oposição, Mizuho Fukushima, disse que a decisão não foi baseada num consenso público, não tem base legal e deve ser descartada.
Na quinta-feira, um grupo civil que se opõe ao funeral pediu ao Tribunal Distrital de Tóquio para suspender a decisão do Governo, dizendo que um funeral patrocinado pelo Estado, sem a aprovação do parlamento, viola a Constituição japonesa.
O alegado atirador, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, foi detido imediatamente depois do tiroteio e está sob interrogatório. Segundo a polícia, confessou aos investigadores ter matado Abe devido a rumores que associavam o antigo primeiro-ministro a uma “organização religiosa” que corresponde à Igreja da Unificação.
O suspeito, cuja mãe levou a família à falência doando cerca de 100 milhões de ienes (715 mil de euros) ao grupo religioso, pretendia vingar-se da organização.