Guiné Equatorial não tem espaço para homossexuais. Estão doentes ou sob feitiço

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Oficialmente os jovens estão a estudar fora da cidade – mas estão em “terapia de conversão”. Quase ninguém denuncia porque…não adianta.

Ser homossexual é praticamente proibido na Guiné Equatorial.

O povo local mantém as ideias de há décadas ou séculos: os homossexuais são pessoas doentes. Ou estão sob feitiço, ou com espíritos malignos, ou foram produtos de má educação… A lista poderia continuar.

Por isso, reforça o jornal El País, a prioridade é “curar” a pessoa em causa. Rezas, práticas ancestrais. Tudo em segredo.

Se a pessoa da família – que é homossexual – não aparece durante uns tempos, os vizinhos começam a fazer perguntas. A família responde que foi viajar, ou que está a estudar fora da cidade. Mas, na verdade, está a ser “curado” dentro de casa. Está preso.

No meio dessa “terapia de conversão”, entre ritos e alegados feitiços, há momentos de violência. Sobretudo violência sexual. E até a imposição de consumo de drogas perigosas.

São terapias que originam consequências que podem ser catastróficas. Quer na saúde física, quer na saúde mental da pessoa em causa.

Este processo começa normalmente quando o homossexual tem 9 ou 10 anos.

E assim surge o tráfico humano, a exploração sexual.

As promessas de salvação envolvem pessoas que dizem ser amigos, bons anfitriões, bons curandeiros – mas são contra a homossexualidade. E são traficantes. Vão passando a ter autoridade, controlo, sobre a vida do homossexual. Tudo com consentimento da família.

A própria família, muitas vezes, sequestra o familiar que é homossexual. Outras exploram pessoas LGTBIQ+ através da prostituição – porque as pessoas LGTBIQ+ só podem trabalhar como prostitutas, naquela sociedade. E até ficam sem documentos e, por arrasto, sem acesso a cuidados de saúde, a instituições públicas.

Nas igrejas, obviamente, ser homossexual é um pecado. Quando são “descobertos”, têm que ficar a rezar durante dias consecutivos por causa disso. Ou, pior, são vítimas de abusos sexuais.

No contexto militar, quem for homossexual é transferido para Malabo, para trabalhar na prostituição.

São raras as denúncias destes crimes. As pessoas, ou nunca ouviram falar das instituições que podem ajudá-las, ou não avançam para tribunal porque não têm dinheiro para os processos judiciais, ou não confiam na Justiça da Guiné.

“Disseram-me que mereço todos estes maus tratos porque sou bicha”, relatam algumas vítimas.

Quatro pessoas LGTBIQ+ já morreram neste ano, em contextos suspeitos.

Homossexualidade era mesmo uma doença, para a Organização Mundial de Saúde. E deixou de ser há pouco tempo: em 1990.

A Guiné-Equatorial faz parte dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

ZAP //

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