Esperam-se constrangimentos nos hospitais e centros de saúde durante esta sexta-feira, face à greve de 24 horas dos trabalhadores do setor público da saúde.
A adesão à greve desta sexta-feira dos trabalhadores do setor público da saúde, exceto médicos e enfermeiros, rondava até às 08:50, os 70 a 80%, segundo fonte sindical, adiantando que há perturbações nas consultas e atendimento.
A greve dos trabalhadores da saúde deverá provocar constrangimentos nos hospitais e centros de saúde, nomeadamente no atendimento administrativo e no apoio aos utentes, escreve o Jornal de Notícias.
“Tal como esperávamos, a adesão à greve de hoje ronda os 70 a 80%. Os efeitos da greve, que abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, dos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como hospitais ou centros de saúde, estão a fazer-se sentir sobretudo no atendimento e nos serviços de consultas do continente e das regiões autónomas”, disse à Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap).
De acordo com José Abraão, os trabalhadores estão “desesperados” e “querem ver resolvidos problemas que se arrastam há anos”.
“Na quinta-feira, fomos informados que está marcada para dia 27 deste mês uma reunião com o Ministério da Saúde para tentar resolver os problemas dos trabalhadores”, disse.
Por sua vez, Elisabete Gonçalves, da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), garante que “a nível nacional, a greve tem uma média de adesão de 90%”.
Em declarações à TSF, a sindicalista salienta que “a maioria dos serviços está a trabalhar a serviços mínimos”, havendo “muitos locais em que a greve foi mesmo a 100%”.
“No turno da noite do Hospital de São José houve uma adesão em torno dos 95%, temos depois também em Beja 100%, a maternidade Alfredo da Costa com 95% e os centros hospitalares universitários de Coimbra com 90%”, exemplificou. “Não houve nenhum hospital que se destacou porque na realidade todos eles estão à volta deste valor de adesão”.
A paralisação, convocada pela FNSTFPS, foi motivada por reivindicações antigas que continuam sem resposta.
No dia 7 de junho, a coordenadora da Federação disse que os trabalhadores estavam “há muitos anos à espera de concretização e de resolução dos seus problemas”.
Em concreto, a coordenadora da FNSTFPS falou em problemas que afetam auxiliares de ação médica, técnicos superiores de saúde e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, e que acentuam a instabilidade nos serviços de saúde e prejudicam o Serviço Nacional de Saúde.
“São situações que poderão parecer diversas e distantes, mas que no seu conjunto criam uma desmotivação aos trabalhadores da saúde, que em termos de retenção de trabalhadores na saúde em nada beneficia”, referiu.
Elisabete Gonçalves denunciou sobretudo problemas relacionados com a carreira desses profissionais, reivindicando a reposição da carreira de técnico auxiliar, e criticando também a alteração da carreira dos técnicos superiores de diagnóstico que “não traduz as especificidades destes trabalhadores”.
“Quanto aos técnicos superiores de saúde, há anos que lutam por procedimentos concursais de promoção que não estão a ser feitos, o que limita a valorização destes trabalhadores”, explicou a coordenadora.
A greve desta sexta-feira é dirigida a todos os trabalhadores de Portugal continental e da região autónoma dos Açores, e foi antecedida, na quinta-feira, de uma paralisação na região autónoma da Madeira.
Novo “esquecimento”
Tanto a ministra como a secretária de Estado da Saúde assumiram conhecer as reivindicações apresentadas pelo sindicato. Em abril, as governantes comprometeram-se a agendar, em maio, uma reunião para dar início ao processo negocial. “Infelizmente, mais uma vez, tal não se concretizou”, lamentou a FNSTFPS.
“Perante este novo ‘esquecimento’, a FNSTFPS e os trabalhadores da Saúde não vão permitir que se replique nesta legislatura o mesmo que aconteceu nas anteriores, muitas promessas e nenhuma ação para a resolução dos problemas e das suas reivindicações”, atirou o sindicato.
“Ano após ano as promessas de solução sucedem-se e os problemas dos trabalhadores aumentam e agravam-se”, acrescentou.
Pede-se uma abertura dos processos negociais, melhorando as condições de trabalho, fazendo a justa contagem do tempo de serviço e admitindo mais trabalhadores.
Acabar com os centros de saúde, não servem de nada, só enconam o utente, viu-se com o covid não tiveram nenhuma ação, ainda hoje não funciona, só servem para empatar, façam convenções com profissionais de saúde em substituição dos centros de saúde familiar, e cada utente procura os profissionais que mais goste, ficará muito mais econômico, e passaremos a ter profissionais de saúde em excesso.