O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que não tem problema com a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, mas que o caso muda de figura se estes acolherem tropas ou bases da Aliança Atlântica.
“Não temos problemas com a Finlândia e Suécia, mas temos com a Ucrânia. Não temos disputas territoriais com eles, não há nada que nos preocupe no facto de eles se tornarem membros”, indicou o líder russo, num vídeo divulgado no Guardian.
Esses países, continuou, “têm de entender muito claramente que nunca foram alvo de ameaças antes. Agora, se as tropas e infraestruturas da NATO forem acionadas, temos de agir em conformidade e criar as mesmas ameaças para os territórios onde as mesmas ameaças estão a ser criadas contra nós”.
De acordo com Putin, o surgimento de tensão entre os três países será inevitável.
Como relatou a CNN, o líder russo aproveitou o mesmo momento para negar responsabilidade no ataque ao centro comercial em Kremenchuk, que provocou pelo menos 20 mortos.
“O nosso exército não atinge infraestruturas civis”, garantiu, acrescentando que os ataques são feitos tendo com armas de elevada precisão baseados em dados recolhidos sobre os alvos.
Corte de relações entre Ucrânia e Síria
Enquanto isso, no habitual discurso de final de dia, o Presidente Volodymyr Zelenskyy declarou que a Ucrânia cortou as relações com a Síria, após o país se ter colocado ao lado da Rússia e reconhecido a independência das repúblicas separatistas do Donbass, afirmando que as sanções serão agora “ainda maiores”.
Segundo Zelenskyy, “144 guerreiros ucranianos voltaram para casa do cativeiro russo. São 59 soldados da Guarda Nacional, 30 da Marinha, 28 do Exército, 17 guardas de fronteira, 9 soldados de defesa territorial, 1 polícia. O mais velho tem 65 anos, o mais novo tem 19. Em detalhe, 95 eram defensores da Azovstal e voltam para casa”.
Sobre a adesão à UE, destacou “mais um passo” com o “regime de isenção de vistos para o transporte de mercadorias”, que isenta agora as transportadoras ucranianas de vistos prévios para fazer transitar as mercadorias para fora do pais.
“Esta é precisamente a tarefa do nosso Estado agora: não perder uma uma semana nas relações com a União Europeia [UE]. Apesar da guerra, de todas as dificuldades, faremos aquilo que nos aproxima da plena adesão”, reforçou.
Recordando a participação na reunião na NATO na quarta-feira, frisou que a “Aliança está a mudar a estratégia em resposta às agressões às políticas anti-europeias da Rússia e à guerra da Rússia contra a Ucrânia”.
“É óbvio que é impossível garantir a segurança na Europa em tais condições” sem a Ucrânia, disse, considerando que o ataque de quarta-feira a Mykolaiv “prova a todos no mundo que a pressão sobre a Rússia não é suficiente”.
Bombardeamento de Mariupol foi “deliberado”
Quatro meses após o ataque ao teatro de Mariupol, a Amnistia Internacional afirmou que se trata “claramente” de um “crime de guerra”, num relatório divulgado na quarta-feira. O local era, até 16 de março, um ponto de distribuição de medicamentos, de água e de comida e abrigo para civis à espera de serem evacuados.
Embora identificado como abrigo para menores – lia-se “crianças” nas laterais do edifício, em letras garrafais – os russos atacaram o local, lançando bombas e originando o colapso de grande parte prédio.
A Amnistia aponta para 12 mortos, enquanto a autarquia local falava em 300. O relatório agora divulgado reúne provas – entrevistas a 53 testemunhas e sobreviventes do ataque -, análise de provas digitais e imagens de satélite.
“Dezenas de meses de uma investigação rigorosa, análise de imagens de satélite e entrevistas com dezenas de testemunhas, concluímos que o ataque foi um caro crime de guerra cometido pelas forças russas”, declarou Agnès Callamard, secretária-geral da organização.
As mortes em questão foram causadas pela decisão “deliberada” de as forças russas estabelecerem como alvos civis ucranianos, referiu.
“A natureza do ataque – o local do ataque e a arma utilizada – e a ausência de um potencial objetivo militar por perto -, sugerem fortemente que o teatro era o alvo procurado. Como resultado, é provável que o ataque constitua um ataque deliberado a civis e um crime de guerra”, indicou ainda a ONG no comunicado.
Agnès Callamard reforçou ainda que “o Tribunal de Crimes Internacionais e todas as outras jurisdições sobre crimes cometidos durante este conflito devem investigarem este ataque como um crime de guerra”, realçando que “todos os responsáveis devem ser responsabilizados por causarem tantas mortes e destruição”.
Vai-se formar uma nova guerra fria. Países que apoiam a russia e países que apoiam o Ocidente, a Nato, os Usa e a Europa. Era mesmo isso que o putin queria.