O júri considerou Nancy Crampton culpada de matar o marido para ficar com o dinheiro do seguro de vida. A defesa vai recorrer da decisão.
É caso para dizer que a realidade imitou a ficção. A norte-americana Nancy Crampton, que escreveu o ensaio “Como Matar o Seu Marido”, foi condenada a prisão perpétua por ter — surpreendentemente — matado o marido.
A mulher de 71 anos ouviu a sentença esta segunda-feira e foi considerada culpada de homicídio em segundo grau. O júri deu como provado que a escritora disparou fatalmente duas vezes sobre o marido, Daniel Brophy, com quem esteve casada durante 27 anos, numa relação descrita pela própria como “de mais momentos bons do que de maus”.
O objetivo era matar o companheiro para receber 1,5 milhões de dólares do seguro de vida. Brophy era um chef de cozinha e dava aulas no Instituto Culinário de Oregon, tendo o seu corpo sido encontrado a 2 de Junho de 2018 pelos seus alunos na escola, revela a BBC.
O professor de cozinha, que os alunos recordam como uma “enciclopédia de conhecimento”, era detentor de uma abordagem muito criativa de ensino e, além disso, tinha “um excelente sentido de humor”.
No livro, Nancy refere detalhes muito precisos. Além de aconselhar a não recorrer a um assassino profissional, porque “acabam por contar tudo à polícia”, a escritora adverte que é melhor não pedir ajuda ao amante: “nunca é uma boa ideia”.
A autora escrevia livros sobre relações que correm mal entre “homens robustos e mulheres fortes” e para além de “Como Matar o Seu Marido”, também foi a autora de títulos como “O Inferno no Coração” ou “O Marido Errado”, onde descrevia passo a passo como uma mulher devia agir para se ver livre do companheiro.
As autoridades deram como provado que a arma do crime foi comprada por Nancy, tendo a autora alegado que a aquisição serviu apenas para a inspirar para a escrita de um novo livro.
O procurador Shawn Overstreet também enumerou os problemas financeiros da autora, que terão sido um motivo para o homicídio. Alegadamente, Nancy queria passar a reforma em Portugal, mas o marido discordava.
A defesa já tinha anunciado ainda antes da decisão ser conhecida que ia recorrer.
Esqueceu-se do subtítulo “e escapar impune”.