O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, superou a moção de censura que lhe foi imposta pelo próprio partido. O líder conservador reuniu 211 votos a favor e 148 contra.
Isto significa que mais de 40% dos parlamentares conservadores votaram contra Johnson, detalha o The Guardian.
O jornal britânico escreve que este está longe de ser um bom resultado para o chefe do Governo, que perdeu o apoio de uma proporção maior do partido parlamentar do que Theresa May quando enfrentou um voto de desconfiança em 2018.
Boris enfrenteu uma moção de censura, esta segunda-feira, depois de, pelo menos, 54 deputados tories terem exigido essa votação.
Para levar esta votação à Câmara dos Comuns eram necessários pedidos de pelo menos 15% dos 359 deputados conservadores, ou seja 54, algo que foi alcançado este domingo.
Os deputados do Partido Conservador estão insatisfeitos com a forma como Boris Johnson lidou com o escândalo do Partygate, as festas que decorreram na residência oficial do primeiro-ministro quando havia regras sanitárias que proibiam a realização desses ajuntamentos.
O relatório sobre o Partygate deixa Boris mal na fotografia, detalhando agressões entre os funcionários em Downing Street, maus-tratos à equipa de limpeza e de segurança. O primeiro-ministro pediu desculpa, mas voltou a recusar demitir-se.
O primeiro-ministro está a agora a enfrentar uma nova onda de pedidos de demissão depois da revelação de mais fotografias que o mostram a beber em duas festas e de Sue Gray o ter culpado pessoalmente pelo incumprimento das normas da pandemia durante estes eventos, após Johnson ter sempre alegado que não via as reuniões como festas e que acreditava que estas não eram de cariz social.
A votação decorreu entre as 18h e as 20h. Caso Boris Johnson fosse afastado do cargo, eram já vários os nomes indicados para a liderança dos conservadores, entre os quais Elizabeth Truss, Rishi Sunak, Jeremy Hunt, Nadhim Zahawi e Penny Mordaunt.
Em janeiro de 2019, a então primeira-ministra britânica Theresa May já tinha sido submetida a uma moção de censura, a qual superou com sucessso, embora tenha mais tarde apresentado a demissão.
A moção foi apresentada pelo Partido Trabalhista, depois de a Câmara dos Comuns ter chumbado, por 432 votos contra e 202 a favor, o acordo negociado durante 17 meses pelo executivo de May com Bruxelas para a saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’).
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, diz que o resultado de hoje mostra que o país enfrenta uma escolha entre “conservadores divididos” e um “partido trabalhista unido”.
The choice is clearer than ever before:
Divided Tories propping up Boris Johnson with no plan to tackle the issues you are facing.
Or a united Labour Party with a plan to fix the cost of living crisis and restore trust in politics.
Labour will get Britain back on track.
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) June 6, 2022
O ex-ministro conservador David Gauke disse que mais de 133 deputados contra Boris seria “um resultado muito desconfortável”.
O antigo ministro conversavor dos Negócios Estrangeiros, Rory Stewart, realça que “quase 75% de todos os parlamentares conservadores não dependentes do seu patrocínio votaram contra ele”.
“Este é o fim para Boris Johnson. A única questão é quanto tempo a agonia é prolongada”, atirou Stewart.
Remove the “payroll” vote – and look at the free vote from backbenchers. Almost 75% of all Tory MPs not dependent on his patronage voted against him. This is the end for Boris Johnson. The only question is how long the agony is prolonged. @RestIsPolitics
— Rory Stewart (@RoryStewartUK) June 6, 2022