Aumento da prestação mensal da casa pode chegar a 100 euros

Com a subida galopante dos juros, algumas prestações de crédito à habitação podem sofrer um aumento de até 100 euros por mês.

Os portugueses que têm crédito à habitação com taxa variável, sobretudo aqueles que compraram casa nos últimos anos, devem chegar ao fim do ano a pagar quase mais 100 euros por mês do que pagam atualmente.

Este é o impacto previsível do agravamento das taxas de juro nas prestações de crédito à habitação, calcula o Observador.

O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, disse esta segunda-feira que o “cenário central” é uma subida “gradual” de 25 pontos-base em julho e outra em setembro, rebatendo a especulação de subidas de 50 pontos-base (meio ponto percentual).

Outras hipóteses serão discutidas no Conselho do BCE, tal como a possibilidade de haver pelo menos um aumento de 50 pontos-base logo em julho, o que retiraria as taxas de referência do BCE de terreno negativo já nesse mês.

Christine Lagarde, presidente do BCE, admitiu na semana passada que a subida “gradual” das taxas de juro pode não ser suficiente para fazer frente à inflação.

O impacto da subida das taxas de juro nas prestações de crédito à habitação poderá ser ainda maior se a subida dos juros continuar.

Cerca de metade de todos os créditos à habitação, com taxa variável, são indexados à Euribor a 6 meses, que está neste momento em -0,068%, descreve o Observador. Ainda assim, alguns bancos têm celebrado contratos indexado à Euribor a 12 meses, que está acima de 0,35%.

Os contratos de crédito mais recentes têm uma prestação média de 338 euros por mês. Se a Euribor a 12 meses subir para 1%, a prestação irá saltar para 424 euros, calcula o economista Nuno Rico, ligado à DECO Proteste.

No entanto, um cenário bastante provável é que a Euribor a 12 meses facilmente ultrapasse 1% ainda antes do fim do ano de 2022. Isto pode significar que a mesma prestação passe agora para perto de 450 euros antes do final do ano — um aumento de mais de 100 euros.

“Iremos ter de lidar com taxas Euribor entre 1% e 2% nos próximos tempos”, antecipa Nuno Rico. “Se a subida for muito rápida, vai ocorrer num contexto em que as famílias voltaram a aumentar o endividamento”.

ZAP //

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