Família de térmitas tem cruzado os oceanos há, pelo menos, 50 milhões de anos

(dr) Aleš Buček

Térmitas de madeira seca (Kalotermitidae)

Cientistas do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, mapearam a história natural das térmitas de madeira seca.

Um novo estudo determinou que a família das térmitas de madeira seca Kalotermitidae atravessou, com sucesso, o oceano pelo menos 40 vezes nos últimos 50 milhões de anos, noticia o Science Alert.

São muito boas a atravessar oceanos“, comentou o autor principal do estudo Aleš Buček, publicado recentemente na Molecular Biology and Evolution. “As suas casas são feitas de madeira, pelo que podem atuar como pequenos navios.”

Em 1883, uma erupção vulcânica devastadora nas ilhas de Krakatau deixou toda a área desolada, mas várias espécies de térmitas de madeira recolonizaram a região apenas 100 anos depois.

“A capacidade de dispersão de Kalotermitidae deriva do seu estilo de vida, uma vez que normalmente fazem ninhos e se alimentam de peças únicas de madeira, que podem flutuar através dos oceanos como jangadas”, escreve a equipa. “A maioria das espécies de Kalotermitidae existentes são incapazes de procurar alimento fora do seu pedaço de madeira de nidificação. Em vez disso, fazem pequenas colónias em objetos de madeira, como ramos mortos em árvores vivas.”

Os investigadores decidiram analisar a genética da família das térmitas de madeira Kalotermitidae e traçar a forma como o seu ADN mitocondrial viajava pelo mundo.

Após analisarem centenas de amostras mundiais de térmitas de madeira recolhidas nos últimos 30 anos, os investigadores concentraram-se em cerca de 120 espécies de térmitas, que representavam 27% da diversidade de Kalotermitidae.

“Estas térmitas são muitas vezes consideradas primitivas porque se separaram de outras térmitas muito cedo, há cerca de 100 milhões de anos, e porque parecem formar colónias mais pequenas”, explicou Buček. “Mas, na verdade, sabe-se muito pouco sobre esta família.”

Ao rastrear geneticamente a sua árvore genealógica, os cientistas descobriram que o mais antigo antepassado comum viveu há 84 milhões de anos, o que significa que algumas das primeiras divisões na árvore genealógica podem ter acontecido por terra, antes de o supercontinente Gondwana se separar.

Ainda assim, a maioria das cerca de 40 divisões aconteceram há menos de 50 milhões de anos, o que sugere que estas pequenas criaturas estavam a viajar através do mar. Mais recentemente, as viagens humanas também terão ajudado.

O artigo científico foi publicado, recentemente, na Molecular Biology and Evolution.

ZAP //

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