Prazo das 18 horas não foi respeitado pelo PS e pelo Livre, no debate do Orçamento de Estado. “Cheira a manhosice”, avisa o PSD.
No primeiro dia da discussão na especialidade do Orçamento de Estado, houve um episódio “fora de horas” que marcou esta segunda-feira.
O debate, que começou às 10 horas da manhã, só acabou depois das 23 horas. Por causa de alterações realizadas após o prazo acordado.
Os partidos tinham concordado que só se podiam substituir as propostas até às 18 horas do dia anterior. Mas o Partido Socialista (PS) e o Livre não respeitaram totalmente esse pacto.
O Livre elaborou uma espécie de desdobramento em dois de uma proposta que já existia.
O caso do PS foi diferente: já depois das 18h, apresentou um artigo novo que não foi discutido pelos deputados.
Em causa estava o aditamento de um artigo sobre o Fundo Municipal e o aumento da margem de endividamento.
“Isto cheira a manhosice. Uma coisa é substituir uma proposta para alterar uma palavra ou um número, outra coisa é para apresentar uma artigo novo que nem sequer foi discutido nem apreciado”, criticou Duarte Pacheco, deputado do Partido Social Democrata.
Ana Sanlez, editora-adjunta de Economia no jornal Observador, também não bate palmas a esta decisão: “É mais uma prova de que o PS está muito confortável na sua maioria”.
“Foi confrangedor ver o PS a justificar que fez essa alteração depois do prazo para densificar a proposta. Mas se todos os partidos pensassem assim, teríamos um orçamento novo”, avisou, na rádio Observador.
A jornalista concorda com Duarte Pacheco: “Não é pelo conteúdo; é pelo princípio, é pelo precedente que se abre. Se for sempre assim, o PS pode incluir os artigos que quiser e aprová-los porque tem poder para isso”.
“É um precedente perigoso”, avisa a jornalista, que lembrou que a aceitação e a votação dessas alterações ficaram para terça-feira, dia seguinte. “Mas é um episódio que deveria ter sido evitado. Não é só um caso caricato, é um precedente que não pode ser aberto”, reforçou.
Ana Sanlez analisou, no geral, a discussão de 1.400 propostas de alteração ao Orçamento de Estado 2022, que se vai prolongar até à próxima sexta-feira, afirmando que este é um processo “demolidor e incompreensível”.
“Um emanharado de números e de artigos que dignifica muito pouco a discussão e o processo democrático. Até os deputados se perdem no guião da votação”, comentou.
Bem… se for um caso de desrespeito da AR por parte do Governo, temos um Presidente da AR pronto a intervir em defesa do orgão a que preside…