Algarve: refugiados têm de deixar casas por causa dos turistas (mas despejos acontecem em todo o país)

1

Ucranianos já sabiam que o abrigo era temporário mas pensavam que a guerra iria ser mais curta e contavam com mais apoios.

Milhares de refugiados chegaram a Portugal, provenientes da Ucrânia, a partir do final de Fevereiro, quando a invasão russa começou.

Os ucranianos (na sua maioria) foram-se “espalhando” pelo país e muitos viveram no Algarve, ao longo dos últimos meses.

No entanto, terão de mudar de casa nos próximos dias porque aproxima-se o Verão – e a região vai receber milhares de turistas.

Muitos desses refugiados, mal chegaram ao Algarve, sabiam que iriam temporariamente para a casa que os acolheu. Mas não acreditavam numa guerra prolongada.

Agora diversas famílias já começaram a receber avisos: têm de encontrar outra casa até ao dia 31 de Maio.

O dinheiro está a desaparecer, o apoio também e há quem já tenha regressado para a Ucrânia, apesar da guerra que continua a decorrer.

“É o desespero, já pedem ajuda para voltar à Ucrânia. Pelo menos lá têm família, tecto e comida. Cá, nem isso têm”, comentou Igor Korbelyak, presidente da Associação de Ucranianos no Algarve, em declarações à rádio Antena 1.

“Alguns já foram avisados antes do dia 1 de Maio, ou estão a ser avisados agora. O panorama geral é terem de deixar a casa até ao final deste mês”, continuou Igor.

Outros refugiados esperavam maior facilidade no processo de legalização, tendo depois alojamento permanente.

Por exemplo, a Câmara Municipal de Loulé garantiu à refugiada Katerina Prosnikova (quando chegou a Portugal) que iria ajudá-la a procurar apartamento e a pagar a renda – mas nada aconteceu.

Katerina vive em Quarteira num T0 com três filhos, mãe e irmão.

Despejos noutros locais

A mesma rádio contactou depois a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), que avisou: os despejos estão a acontecer em diversos pontos do país, não só no Algarve.

Há muitas famílias ucranianas a serem despejadas e é preciso encontrar soluções de emergência, avisou André Costa Jorge, da PAR.

Mas tem sido difícil lidar com tantos casos: “Temos tentado encontrar alternativas mas temos sentido muitas dificuldades e estamos altamente preocupados, há famílias que podem ficar sem tecto“.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. Num país onde há tantos pobres sem casa, se habitação digna, o governo português devia apostar mais na habitação do que propriamente em web summits. Ou isso ou então começa a convencer as pessoas pobres a reproduzirem-se menos, já que o governo não tem casa para tantos pobres que se vão multiplicando por aí.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.