No século XVII, o cardeal Federico Borromeo confessou a Jan Brueghel que conseguia sentir o aroma da primavera no quadro do mestre flamengo. Quatrocentos anos depois, os mais curiosos podem visitar o Museu do Prado, em Madrid, e sentir os aromas que permeiam a pintura The Sense of Smell.
O museu espanhol contactou vários especialistas, assim como a casa de perfumes Puig, para recriar as fragrâncias de dez dos muitos elementos que compõem a pintura a óleo de Jan Brueghel.
Segundo o The Guardian, Alejandro Vergara, chefe do departamento de pintura flamenga do Prado, teve a ideia no verão passado.
“Há algum tempo que penso em voz alta, tenho tido conversas diferentes com amigos e colegas há cerca de um ano. Surgiu assim a ideia de nos concentrarmos no sentido do olfato e ter um trabalho perfumista na pintura e criar 10 fragrâncias”, contou o especialista.
Depois de os investigadores terem identificado as 80 espécies diferentes de plantas e flores presentes na obra, o perfumista Gregorio Sola criou algumas das suas fragrâncias.
O seu trabalho pode ser “cheirado” graças aos quatro difusores da sala 83 do Museu do Prado. Os aromas incluem jasmim, rosa, espigão, figueira, flor de laranjeira, narciso, jasmim, cravo, íris, entre outros.
A “estranha e inovadora exposição” destina-se a apresentar aos visitantes o “mundo em miniatura de Brueghel” e os perfumes dos séculos passados, destacou Vergara.
“Acho que é uma visita muito agradável a um museu – em 45 minutos olha-se para cinco lindas pinturas e liga-se a esta ideia que não se está à espera: o cheiro do passado”, rematou.
“A nossa memória olfativa é mais forte do que a nossa memória visual ou auditiva: a memória do perfume da nossa mãe, do nosso primeiro beijo, do nosso primeiro carro ou do primeiro dia de escola”, destacou Sola.
“Todos temos a nossa própria memória olfativa e a ideia desta exposição é que a pintura de Jan Brueghel deixe a sua própria impressão olfativa em todos nós.”