Kiev diz que quarta alta patente do exército russo morreu em combate

Sergey Dolzhenko / EPA

Responsáveis ucranianos disseram que o major-general Oleg Mityaev, que comandava a 150.ª divisão de fuzileiros motorizados russa, foi morto na terça-feira em combate, na cidade ucraniana de Mariupol, cercada pelas forças russas.

Um conselheiro do Ministério do Interior ucraniano Anton Gerashchenko publicou na plataforma Telegram uma foto que disse ser de Mityaev, de 46 anos, antigo combatente na guerra da Síria.

A Rússia não confirmou a informação sobre Mityaev, tendo Kiev indicado ser a quarta alta patente das Forças Armadas russas morta em combate desde o início da invasão da Ucrânia.

Vários analistas, citados pela agência de notícias France-Presse (AFP), disseram que a Rússia decidiu colocar altas patentes militares na linha da frente para compensar dificuldades e fragilidades.

“Isto significa que pode estar a ser necessário que um líder vá para a frente de combate e se exponha, dadas as dificuldades”, disse à AFP uma fonte militar.

Esta informação aponta para as dificuldades que o Exército russo poderá estar a enfrentar no terreno, ao ter sido confrontado desde o início da invasão com a resistência ucraniana e múltiplas dificuldades de comando, estratégia e abastecimento.

“Relatada a morte de vários generais russos, sinal da necessidade de os comandantes de grandes unidades irem diretamente até à frente de combate, para contornar uma cadeia de comando saturada e compensar a falta de iniciativa das unidades”, escreveu na rede social Twitter, no sábado, o ex-coronel francês Michel Goya, um observador atento do atual conflito.

Todos os analistas consultados pela AFP convergiram sobre as inesperadas fragilidades manifestadas pelo Exército russo nesta ofensiva.

Na opinião do investigador do Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI) Elie Tenenbaum, a presença no terreno de oficiais deste nível prova que Moscovo “está a pedir aos generais que estejam à frente das tropas e assumam riscos” para compensar uma situação moral difícil.

“As forças russas só foram informadas da natureza das operações 24 horas antes. Algumas só foram informadas depois de entrarem na Ucrânia. Portanto, há um grave problema de confiança em relação às chefias”, indicou Tenenbaum, referindo-se a “problemas de moral das tropas e provavelmente deserção, com veículos abandonados em campo aberto”.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 691 mortos e mais de 1.140 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, entre as quais três milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

Lusa //

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