Três mulheres e quatro crianças e adolescentes encontraram casa na Alemanha, graças a um imigrante da Rússia: “Vejo ucranianos e russos como um só povo”.
Ilya Lyalkov vivia sozinho num apartamento de cerca de 40 metros quadrados, em Aschafemburgo, na Alemanha. Vivia sozinho: agora vive com outras sete pessoas, todas ucranianas, que fugiram da guerra. Ilya Lyalkov é russo.
“Não acredito em guerras. Isto é o que acontece quando a política falha. Vejo ucranianos e russos como um só povo“, comentou o imigrante de 30 anos, à Bayerischer Rundfunk.
A ideia de acolher refugiadas nem foi de Ilya. Foi da sua mãe, Elena, que em 2004 saiu de Kaliningrado com o seu filho, rumo a Aschafemburgo.
O jovem russo recebeu há poucos dias três mulheres e quatro crianças e adolescentes (entre 7 e 16 anos). Estas sete pessoas começaram a sua viagem no dia 26 de Fevereiro, o terceiro dia da invasão russa; viviam em Uman, no centro da Ucrânia, vieram pela Polónia, caminharam 18 quilómetros pelo meio da longa viagem e ficaram dentro de carros durante cinco horas.
Chegaram a Aschafemburgo, entraram na pequena sala de estar de Ilya Lyalkov e encontraram uma bandeira da Ucrânia, onde se lê “paz” – no local dessa bandeira ucraniana estava uma bandeira russa, que foi retirada pelo imigrante, na véspera da chegada das refugiadas.
A casa é pequena: cinco das refugiadas dormem no sofá, outras duas num colchão. O abrigo é temporário e o próprio Ilya está a ajudar as novas companheiras de casa a encontrar uma casa permanente, em articulação com as autoridades locais – um processo que poderá ser concluído daqui a várias semanas ou vários meses.
Para trás ficaram familiares e amigos. E a preocupação mantém-se: “A guerra e a morte têm de parar“, pediu a jovem Tina, de 16 anos, também em declarações à estação pública de rádio e televisão da Alemanha.
Este grupo pertence aos cerca de 100 refugiados que chegaram a esta cidade alemã, provenientes da Ucrânia.