A situação dos refugiados ucranianos que fogem da guerra no seu país está a tocar o mundo inteiro e também em Portugal, há uma onda solidária que vai dos cidadãos anónimos aos famosos. O actor Pedro Teixeira e o cantor Miguel Cristovinho viajaram até à Polónia para ajudar.
Pedro Teixeira conduziu um camião, numa viagem de cerca de quatro mil quilómetros até à Polónia, para levar bens e medicamentos para ajudar os ucranianos que se viram forçados a fugir das suas casas, depois da invasão da Rússia.
O actor acabou por trazer um refugiado ucraniano para Portugal, para se juntar à família que vive cá, como contou em declarações à CNN Portugal.
“Sou um privilegiado e tive a capacidade de, quase de um dia para o outro, arranjar uma carrinha grande, enchê-la de medicamentos, e de poder ter a disponibilidade de fazer essa viagem, esses quilómetros todos”, conta Pedro Teixeira à estação televisiva.
“É aqui ao lado, não fica a 20 mil quilómetros, são 30 horas de viagem”, refere ainda, salientando que são pessoas que estão muito próximas de nós”.
“Podíamos ser nós, podia ser a minha namorada, os meus filhos”, diz também, salientando que a situação “comove” e “dá uma energia extra” para ajudar.
o cantor Miguel Cristovinho, da banda Dama, também viajou para a Polónia, levando bens e trazendo refugiados ucranianos, duas mulheres e os respectivos filhos, tendo sido acompanhado por um grupo de amigos nesta “aventura”.
Cristovinho partilha nas redes sociais a sua experiência, contando que uma das refugiadas que trouxe “fez, com os seus pequenos, 14 horas a pé desde a Ucrânia até à fronteira com a Polónia”. É “metade do tempo que nós demorámos de carro para cá chegar”, acrescenta no seu perfil do Instagram.
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“O que vamos ver é muito pior do que imaginamos”
Mas, para lá dos famosos, há muitos anónimos que estão também envolvidos nas acções de solidariedade para com o povo ucraniano. O empresário Rúben Leitão, de 35 anos, proprietário de um stand de automóveis em Évora, é um deles.
Este empresário promoveu a organização de uma caravana humanitária que partiu de Évora rumo à Polónia com medicamentos, roupas e alimentos, juntando sete carrinhos e 14 voluntários, com a ajuda de familiares e amigos.
“Não estava à espera de tanta adesão, mas criei esta iniciativa com o coração, pois sempre fui de ajudar e estas situações tocam-me muito, logo não conseguia estar sem fazer nada”, conta Rúben Leitão à Rádio Renascença (RR).
Além de levar ajuda humanitária, esta caravana também vai trazer refugiados ucranianos para Portugal.
“As pessoas que vamos trazer, ou têm familiares cá, ou já tiveram algum contacto com famílias que os possam acolher. São de vários pontos do país, não especificamente de Évora ou do Alentejo, depois temos que as fazer seguir para os seus destinos”, revela à RR a luso-ucraniana Liana Shavchiy.
A viver há 17 anos em Portugal, desde os 10 anos de idade, Liana confessa-se “demasiado emocionada”, pois ainda tem na Ucrânia “parte da família”.
“Espero que tenhamos todos muita força, para suportar o que vamos lá ver na fronteira, pois acho que a imagem que vamos ver é muito pior da que imaginamos“, diz ainda Liana.
O ucraniano Nicola, de 32 anos, também segue na caravana, mas não volta com o grupo porque “vai para a guerra para defender o nosso país”, conta o pai à Renascença.
Por todo o Portugal, a onda solidária para com os ucranianos tem diversas formas, nomeadamente com a doação de toneladas de alimentos e de roupa.
A Associação de Municípios de Portugal tem estado em contacto com a congénere da Ucrânia para facilitar a chegada de ajuda às fronteiras com o país.