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Apresentadora russa foi para Kiev no dia 17 e iria voltar no dia 25. Ainda está lá

Sergey Dolzhenko / EPA

Tatyana Lazareva foi para a capital ucraniana para gravar um programa. Guerra começou na véspera da data do seu regresso.

Tatyana Lazareva é o caso de um dos milhares, ou milhões, de pessoas que queriam sair da Ucrânia, por causa da invasão russa, mas ainda não conseguiram. O caso de Tatyana é mais mediático por se tratar de uma apresentadora de televisão.

A apresentadora russa foi para Kiev no dia 17 de Fevereiro, para gravar um programa. Tinha bilhete para um voo marcado para o dia 25 de Fevereiro – mas a guerra começou no dia anterior e nunca mais conseguiu deixar a capital da Ucrânia.

Foi a partir de Kiev que concedeu uma entrevista ao portal Meduza e confessou: “Eu sabia que havia probabilidade de uma invasão russa à Ucrânia. Mas parece que nunca acreditei nisso o suficiente. Vim tranquila para aqui. Se estivesse preocupada com algo, nem teria voado para cá. Achava que a guerra nunca iria começar“.

Tatyana, que nasceu em Novosibirsk, não tem esperança de voltar para o seu país natal nos próximos tempos. “Claro, há o desejo de voltar para casa, mas não de morar na Rússia”, admitiu.

A apresentadora diz, publicamente, que é contra o regime do presidente Vladimir Putin. “E ninguém do meu círculo íntimo votou nele”, acrescentou.

Em Kiev, a russa tem visto uma cidade “vazia, com muito poucas pessoas nas ruas, são raras as pessoas que saem”. E já se nota a escassez de alguns bens, como o pão.

Apesar de ser uma russa famosa em Kiev, até agora Tatyana nunca passou por qualquer comportamento “particularmente agressivo” na capital da Ucrânia.

Tem recebido insultos e ameaças pelas redes sociais, mas reage com humor: “Muitos russos escrevem palavrões, perguntam por quanto me vendi. Não posso responder a essa pergunta – primeiro queria descobrir onde está a caixa”.

Entre continuar em Kiev ou tentar aproximar-se da fronteira, a apresentadora prefere ficar na capital, onde se sente “relativamente segura”, enquanto chegar à fronteira “é muito difícil”.

“Enquanto estivermos vivos, haverá sempre esperança. Ninguém vai levar a esperança embora”, finalizou.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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