As ruas junto à embaixada russa em Lisboa foram pequenas para acolher a concentração de apoio à Ucrânia que hoje juntou quase todos os partidos, uma mancha azul e amarela, as cores ucranianas, ao som de gritos contra Putin.
Uma faixa em tecido gigante esvoaçante – azul e amarela como a bandeira da Ucrânia – serpenteou a concentração e passou por cima de algumas das cerca de quatro mil pessoas – estimativa feita pela polícia – que fizeram questão de prestar solidariedade ao povo ucraniano.
Este grito comum pela paz e contra a invasão da Ucrânia pela Rússia contou também com a ajuda de uma atuação do músico Salvador Sobral.
“Pela paz, contra a invasão” foi o mote lançado pelas juventudes partidárias do PS, PSD e CDS-PP, e pelos partidos Livre, Iniciativa Liberal e PAN – aos quais se juntou no local hoje o Bloco de Esquerda – e Lisboa respondeu com uma participação a perder de vista.
Sobre o olhar atento de um forte dispositivo policial e com as barreiras de proteção colocadas a cerca de 100 metros da porta da embaixada da Rússia, os manifestantes fizeram-se sempre ouvir ao longo de quase três horas.
Vlad Muzh era o DJ de serviço – que também foi anunciando quem quis discursar – e com umas colunas de som, um microfone e um portátil instalou numa régie improvisada numa esplanada de um café que hoje estava fechado.
À agência Lusa, o ucraniano que está a viver em Portugal há 20 anos e que, apesar de trabalhar no setor da distribuição, tem na música a sua vocação, explicou que trouxe a sua aparelhagem de casa.
Entre os cânticos da multidão que se manifestava – ouviram-se os hinos ucranianos e português, muitos gritos contra o Presidente russo como “assassino, assassino” e “está na hora, está na hora de Putin ir embora” ou também agradecimentos a Portugal – Vlad passou músicas que faziam as colunas estremecer.
“São músicas que historicamente são usadas para dar força às tropas ucranianas na luta contra os invasores. São músicas de incentivo”, explicou à Lusa.
Num símbolo de unidade, os líderes da JS, JSD e JP, bem como dos restantes partidos promotores da concentração, subiram ao palco improvisado, de mãos dadas, e gritaram “não à guerra, sim à paz”.
Mas nem só de unidade se fez esta manifestação uma vez que, depois das declarações aos jornalistas da líder do BE, Catarina Martins, a vice-presidente do PPM, Aline Hall de Beuvik, usou o megafone para perguntar à bloquista porque não tinha assinado o manifesto desta concentração.
A concentração prosseguiu e no horizonte era possível ver balões e os mais diferentes cartazes – uns maiores, outros mais pequenos, muitos em inglês, outros em ucraniano e português – com as frases de ordem que mostravam o repúdio pela invasão russa.
“Stop Putin”, “Paz”, “Free Ukraine”, “Peace for Ukraine”, “Hands off Ukraine”, “Europe, help Ukraine. Stop russian terror” ou “Putin killer” eram algumas das frases que se iam repetindo.
Em português, a criatividade foi um pouco mais longe e surgiram cartões com frases como “Putin, a tua crise de meia-idade resolvia-se com um carro desportivo. Saí da Ucrânia” ou “Putin, partia-te os dentes ao estalo”, entre outras onde os manifestantes não pouparam nos palavrões.
Já passava das 17:30 quando a mancha humana desmobilizou das imediações da embaixada russa e decidiu rumar até ao Marquês de Pombal, a menos de dois quilómetros, para continuar a sua demonstração de apoio ao povo ucraniano, num local onde foi colocado no sábado, por um grupo de lisboetas anónimos, um ‘outdoor’ onde se vê uma bandeira da Ucrânia a sangrar.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram cerca de 200 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de perto de 370 mil deslocados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
// Lusa
Guerra na Ucrânia
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