Olga Malchevska reparou, numa televisão, que a casa da sua família tinha sido bombardeada. “Conduz-se durante 20 horas, ou mais”.
Do lado russo há a garantia de que não há ataques a civis, ou a casas de pessoas, na Ucrânia, mas as imagens e os dados fornecidos pelo Governo ucraniano contrariam essa ideia.
O Ministério do Interior ucraniano indicou, nesta sexta-feira, que os militares russos já atacaram 33 alvos civis, sensivelmente ao longo das primeiras 24 horas do conflito. E duas crianças morreram, de acordo com a mesma fonte.
No Reino Unido surgiu uma reacção, em directo, à destruição de uma das muitas casas atingidas até agora.
Olga Malchevska, jornalista da BBC, estava a preparar uma peça para ser incluída na transmissão do canal britânico.
Enquanto editava imagens, reparou que o prédio bombardeado que estava a ver na televisão era o prédio da sua família, onde a sua mãe vive e onde a própria Olga vivia.
Já no ar, ao lado de Karin Giannone, a jornalista falou sobre o assunto. Karin disse que as imagens mais recentes davam a ideia de que os militares russos estavam cada vez mais próximos da capital Kiev.
Olga começou por concordar mas, de repente, interrompeu a sua análise porque viu que tinha recebido uma mensagem da sua mãe no telemóvel.
“Finalmente! Não estava a conseguir contactá-la. Ela conseguiu abrigar-se, está escondida numa cave. Felizmente não estava no nosso apartamento”, contou.
No momento em que o referido apartamento passou no ecrã do estúdio, Olga confirmou: “Esta é mesmo a minha casa”. Karin não quis prolongar a conversa porque este assunto “é algo tão repentino, traumático e inimaginável”.
Mais tarde, a jornalista ucraniana confirmou que a sua família não estava em casa: “De manhã, quando recebemos as notícias sobre os bombardeamentos, não podia imaginar que a nossa casa seria bombardeada. Aquelas imagens, que todos nós vimos depois, era a nossa casa”.
“Peguei no meu filho e deixámos Kiev”
Marta Shokalo, chefe da equipa da BBC na Ucrânia, já tinha avisado que “nenhum lugar é seguro” em solo ucraniano, nesta altura.
E nesta sexta-feira acrescentou que, quando acordou às 3h da madrugada e viu as notícias, apercebeu-se de que tinha de pegar no seu filho e deixar a capital Kiev.
“Não sabia que direcção deveria tomar. Pensava que não teria gasolina suficiente no carro para chegar a um destino porque o trânsito aqui é enorme. Conduz-se durante 20 horas, ou mais. Decidi realizar a viagem mais curta, para uma pequena aldeia onde vivem os meus pais. Espero estar segura durante algum tempo, agora”, contou Marta.