As células estaminais têm o superpoder de se transformarem em qualquer outro tipo de célula — um superpoder que alguns animais utilizam para reconstruir os membros.
As células estaminais têm o potencial de ajudar a regenerar partes do corpo humano que tenham sido danificadas por lesões ou doença, e têm sido usadas em técnicas de rejuvenescimento de tecidos.
Para o fazer, são usadas atualmente utilizadas diversas formas de manipulação destas células estaminais.
Agora, um novo estudo de investigadores do Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT) na Austrália, publicado em janeiro na Small, sugere uma forma inovadora de o fazer.
Através de ondas sonoras de alta frequência, explica a Science Alert, é possível transformar células estaminais em células ósseas em apenas cinco dias, com 10 minutos de tratamento estimulante por dia.
Os autores do estudo esperam que a técnica — com várias vantagens relativamente aos processos atuais — possa ser usada para a regeneração de ossos perdidos devido a cancro ou outros tipos de doenças degenerativas.
“As ondas sonoras diminuem o tempo de tratamento normalmente necessário para que as células estaminais comecem a transformar-se em células ósseas por vários dias”, explica Amy Gelmi, autora principal do estudo.
“Este método também não requer nenhum medicamento especial ‘indutor de ossos’ e é muito fácil de aplicar às células estaminais”, acrescenta.
A abordagem baseia-se em anos de trabalho na modificação de materiais com ondas sonoras acima das frequências de 10 MHz, frequências muito mais elevadas do que as que os investigadores usaram até agora neste tipo de experiências.
Neste estudo, foi utilizado um microchip para transformar células estaminais em óleo de silício, e colocadas numa placa de cultura.
Outros processos experimentais também tiveram algum sucesso neste campo, mas são complicados de montar, caros de gerir, e difíceis de adaptar.
Requerem também células estaminais extraídas da medula óssea de um paciente, o que é um procedimento doloroso.
Esta nova abordagem é uma melhoria em todos estes aspetos. Os investigadores demonstraram que funciona com vários tipos de células estaminais, incluindo células estaminais derivadas de gordura que não são tão dolorosas de retirar do corpo.
“Podemos usar as ondas sonoras para aplicar a quantidade certa de pressão nos locais certos às células estaminais, para desencadear o processo de mudança”, refere o engenheiro químico Leslie Yeo, da RMIT, e co-autor do estudo.
“O nosso dispositivo é barato e simples de utilizar, pelo que pode ser facilmente aumentado para tratar um grande número de células simultaneamente — vital para uma engenharia de tecidos eficaz”, acrescenta.
Esse aumento em termos de escala é a próxima fase do processo. Teoricamente, esta abordagem deve funcionar fora de um pequeno teste de laboratório, mas os cientistas vão ter de se certificar.
Os investigadores estão agora a fazer avanços no que diz respeito a transformar células estaminais em diferentes tipos de células, para combater problemas de saúde.
À medida que a nossa compreensão destes blocos de construção biológica aumenta, ganhamos uma melhor perceção da forma como os nossos corpos funcionam.
Se este processo em particular puder ser aumentado, existem múltiplas formas de o utilizar como tratamento, diz a equipa. Eventualmente, espera-se que os biorreatores possam ser desenvolvidos para processar células estaminais desta forma.
“O nosso estudo descobriu que esta nova abordagem tem um forte potencial para ser utilizada no tratamento das células estaminais, antes de as revestirmos num implante ou de as injetarmos diretamente no corpo para a engenharia de tecidos”, conclui Amy Gelmi.