Porque é que a covid-19 afeta o olfato? Análise genética oferece resposta

Uma análise genética pode ajudar a mostrar o que acontece quando ficamos infetados com covid-19 para haver perda de paladar e olfato.

A doença da covid-19 pode apresentar uma diversidade de sintomas, desde febre e tosse a cansaço e dores de cabeça. Ainda assim, estes são sinais de outros vírus, como a gripe, por exemplo.

Há, no entanto, dois sintomas que parecem ser praticamente indicativos de que estamos infetados: perda de paladar e perda de olfato.

Uma equipa de investigadores identificou algumas variantes genéticas nas pessoas que podem tornar mais provável que o coronavírus possa roubar-lhes estes sentidos.

Os autores do novo estudo científico repararam que indivíduos com certas diferenças genéticas no cromossoma 4 eram 11% mais propensos a perder a capacidade de cheirar ou saborear do que as outras pessoas.

Os investigadores analisaram os dados de 70 mil adultos com covid-19.

Dois genes, UGT2A1 e UGT2A2, que ajudam as pessoas a cheirar, residem precisamente no cromossoma 4. Ambos os genes produzem enzimas que metabolizam substâncias chamadas odorantes, que produzem cheiros distintos, explica o portal Science News.

Estudos sugerem que a perda do olfato decorre de infeções nas células do olfato, chamadas células sustentaculares.

A epidemiologista Janie Shelton sugere que é possível que as variantes genéticas próximas de UGT2A1 e UGT2A2 possam afetar a forma como os dois genes são ativados ou desativados para afetar o nosso olfato.

“Quando perdes o olfato, muitas vezes o teu paladar é altamente diminuído”, explica Shelton. Ainda assim, o paladar também pode desaparecer sem necessariamente haver perda do olfato.

Os resultados do estudo foram publicados recentemente na revista científica Nature Genetics.

Para combater a perda de olfato, alguns pacientes de covid-19 estão a recorrer à chamada “terapia do olfato”.

Esta terapia é, essencialmente, uma forma de fisioterapia para os sentidos olfativos, que tenta aumentar a sensibilidade dos nervos do nariz para que possam responder melhor a estímulos como, por exemplo, óleos essenciais.

Daniel Costa, ZAP //

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