Entre o “Papa Francisco Louçã” e o “Pai Natal”, Catarina e Chicão só aqueceram no final

Pedro Pina / Lusa

Catarina Martins vs Rodrigues dos Santos

Debate entre Catarina Martins, do BE, e Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS, na campanha das legislativas de 2022.

Foi um debate morno onde Catarina Martins e Francisco Rodrigues dos Santos, líderes do Bloco de Esquerda (BE) e do CDS, concordaram em discordar em mais um frente-a-frente antes das eleições legislativas de 30 de Janeiro próximo.

O ambiente entre Rodrigues dos Santos e Catarina Martins só aqueceu já no final do debate, quando o líder do CDS atirou que “o Bloco de Esquerda faz campanha com crianças de 10 anos com t-shirts com canábis“.

“Está a fazer de André Ventura, agora?”, foi a resposta da líder bloquista, recusando-se a responder por considerar que era “uma táctica à André Ventura”.

Antes disso, os dois lideres partidários demonstraram as divergências ideológicas típicas entre blocos opositores no espectro político.

Assim, Catarina Martins defendeu a nacionalização de empresas como ANA, CTT, EDP, GALP e REN, considerando que os benefícios superariam os custos desses processos. “Chegaria, eventualmente, aos 20 mil milhões de euros, mas permitiria ao Estado reaver boa parte do investimento, porque estamos a falar de empresas lucrativas”, apontou.

A líder do BE salientou que é preciso ter em conta “quem ganha com as privatizações em Portugal”, referindo que houve uma “espécie de assalto do bloco central”, fazendo questão de referir que “um antigo presidente do CDS brindou à privatização da EDP”.

Para Rodrigues dos Santos, a reversão da privatização daquelas empresas resultaria num “agravamento de cerca de 15% da dívida pública”. Assim, notou que as propostas do BE só servem para “matar a nossa economia com uma ‘overdose’ de nacionalizações e criação de impostos”.

O líder do CDS defendeu a privatização dos transportes, referindo o exemplo da TAP, e considerando que “é preciso rever o papel do Estado na economia”.

“Há uma certa direita que acredita no Pai Natal”

“A Catarina diz que está em linha com o Papa Francisco, mas é com o Papa Francisco Louçã”, referiu ainda o líder do CDS.

“Há uma certa direita que acredita no Pai Natal”, disse, por seu turno, Catarina Martins, referindo-se ao facto de o CDS defender a gestão privada de empresas estratégicas para o país.

“A direita quer tirar ao país capacidade de investimento e soberania”, acusou ainda a líder bloquista.

Já Rodrigues dos Santos comparou o Bloco ao Livre, acusando-os de “colocarem a lei da nacionalidade portuguesa em saldos” e de defenderem “uma economia praticamente comunista”.

Quanto aos impostos, o líder do CDS falou da redução do IRC para aumentar o volume de negócios e fazer crescer a economia, incrementando, ao mesmo tempo, a receita fiscal.

Já a coordenadora do BE acusou o CDS de pretender “aliviar” os “mais ricos e as empresas maiores”, salientando que a prioridade deve ser reduzir os impostos dos trabalhadores.

Finalmente, no sector da saúde, Rodrigues dos Santos sublinhou que é preciso apostar na contratação de serviços ao sector privado quando o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não consiga dar resposta aos doentes.

“Se mandar as pessoas para consultas numa clínica privada, em dois ou três dias já gastou mais dinheiro do que com o salário dos médicos de família”, criticou Catarina Martins, notando que “o que é preciso são carreiras dignas no SNS para fixar os profissionais”.

ZAP //

 

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