Uma invenção de 1851 usava sanguessugas para prever tempestades. O seu inventor, George Merryweather, foi inspirado por um poema.
Hoje em dia, quando queremos saber qual é a previsão meteorológica para o dia seguinte, conseguimos fazê-lo basicamente com um par de cliques. A tecnologia que temos disponível permite-nos até ter uma previsão do tempo para daqui uma semana.
Há quase duas décadas, a situação não era claramente a mesma. A tecnologia para prever o tempo estava muito longe de se assemelhar remotamente à que temos hoje disponível.
O primeiro barómetro conhecido data de 1641, um dispositivo desenvolvido por Galileu Galilei e Evangelista Torricelli. Mas o prémio para o mais estranho vai certamente para o chamado “Prognosticador de Tempestades”, apresentado publicamente pela primeira vez em 1851.
A criação do intelectual George Merryweather recorria a algo particularmente bizarro para prever a meteorologia: sanguessugas.
Segundo a VICE, Merryweather disse que foi inspirado por um poema, que falava de como a “sanguessuga medicinal” comum tende a subir numa jarra de água da chuva quando uma tempestade se aproxima. Além disso, ficava no fundo da jarra quando o céu estivesse limpo.
Tendo isto em conta, Merryweather colocou 12 sanguessugas numa jarra de água da chuva. No topo da jarra pôs um pedaço de osso de baleia amarrado a uma corrente que, quando puxada, tocava um sino.
À medida que as sanguessugas subiam para o topo antes de uma tempestade, batiam no osso e, assim, faziam o sino tocar. Quanto mais o sino tocasse, maior a probabilidade de haver uma tempestade e mais intensa seria.
Na altura, acreditava-se que este “poder sobrenatural” das sanguessugas devia-se à sua habilidade inata de sentir a energia eletromagnética a acumular-se antes de uma tempestade.
Atualmente sabemos que não é bem assim. As sanguessugas “respiram” através das paredes do corpo, absorvendo o oxigénio dissolvido na água. Quando a pressão atmosférica cai, uma quantidade menor de oxigénio permanece dissolvido, levando a que se movam em direção à superfície, onde a água é mais rica em oxigénio.
Merryweather tencionava produzir comercialmente o seu dispositivo, tendo até dito à imprensa durante a exposição do “Prognosticador de Tempestades” que pretendia construir uma nova indústria de artesãos “Prognosticadores” na sua cidade natal de Whitby.
O britânico dizia também que “poderia fazer com que uma pequena sanguessuga, governada pelo seu próprio instinto, tocasse o grande sino de Saint Paul, em Londres, como um sinal de uma tempestade que se aproximava”.
A sua invenção acabou por nunca ter o sucesso desejado, embora hoje ainda seja possível encontrar algumas réplicas da sua invenção.