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Médico que recusou transportar doente quando estava em tourada suspenso e investigado pelo MP

Tiago Petinga / Lusa

O médico António Peças, que ficou conhecido depois de ter recusado o transporte de um doente quando estava numa tourada, foi suspenso pela Ordem dos Médicos (OM) e está a ser investigado pelo Ministério Público (MP).

O caso remonta a 2017 quando o nome de António Peças, então médico do INEM, saltou para as notícias por se ter recusado a fazer o transporte de, pelo menos, três doentes em estado grave.

Num dos casos, alegou estar com uma gastroenterite quando estava numa tourada, enquanto noutra situação, o doente acabou por falecer.

Sabe-se, agora, que o médico está a ser investigado pelo MP para apurar eventuais responsabilidades criminais nestes casos.

Mas também porque Peças terá registado trabalho em dois sítios ao mesmo tempo, ou seja, no Hospital de Évora, onde trabalhava, e no centro de operações do INEM, onde fazia serviços de emergência.

Além disso, terá ainda sobreposto horárias com as aulas que dava na Escola Superior de Enfermagem de São João de Deus.

Fonte do MP refere ao Expresso que o processo “está em fase de investigação, decorrendo diligências de recolha de prova pessoal e documental”.

“Enorme indiferença pela saúde dos doentes”

Peças já foi alvo de inquéritos disciplinares no âmbito das autoridades de Saúde e a Ordem dos Médicos (OM) decidiu a sua suspensão por um ano devido a violação dos deveres deontológicos.

O INEM já lhe tinha cessado o contrato de trabalho.

A OM justifica a suspensão com a “circunstância agravante da acumulação de infracções”, pois recusou transportar doentes “repetidas vezes” e “sem justificação”, como cita o Expresso.

A relatora da Ordem que analisou o caso fala em situações de pessoas “em estado grave” e quando “era imperiosa a sua transferência para hospitais mais diferenciados”.

Assim, conclui que o médico teve atitudes “eticamente muito censuráveis” e “contrárias à deontologia médica”.

“O médico parece ter pensado mais na sua comodidade pessoal do que no interesse dos doentes, revelando uma enorme indiferença pela saúde destes ou, na melhor das hipóteses, uma flagrante incapacidade para avaliar a gravidade do estado dos doentes”, aponta ainda a relatora da Ordem.

Peças recusou prestar declarações sobre a suspensão, mas no âmbito do processo alegou que foi alvo de “uma perseguição constante e sistemática”, segundo cita o Expresso.

Além disso, o médico defende que os factos analisados “nada possuem de compatível com a verdade” e que as denúncias feitas são pura “fantasia”.

ZAP //

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