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Parte de um foguetão russo vai cair em direção à Terra, mas ninguém sabe onde

Wikimedia

Foguete Angara-A5 a ser transportado para a plataforma de lançamento em Plesetsk

Os especialistas estimam que objeto reentre na atmosfera nas próximas 24 horas, mas não conseguem prever onde vai cair.

Uma parte de um foguetão russo está a cair em direção à Terra, de forma descontrolada. Os especialistas que estão a monitorizar o objeto preveem que este reentre na atmosfera terrestre nas próximas 24 horas.

O Angara-A5 é um foguetão de carga pesada e foi lançado da estação espacial de Plesetsk, a noroeste da Rússia, a 27 de dezembro. De acordo com a TAS, agência de notícias russa, o lançamento previa testar um novo segmento da estrutura, conhecido como o propulsor Persei.

“O bloco orbital constituído pelo propulsor Persei e a base de carga completa separou-se da terceira fase do foguetão porta-aviões Angara-A5 12 minutos após o lançamento”, afirmou o ministro da Defesa russo.

O bloco orbital será colocado em órbita pelo propulsor Persei, sob o esquema de rotina de nove horas, quando o motor do propulsor for ligado quatro vezes.

O foguetão Angara-A5 foi lançado pelas forças espaciais russas, do porto espacial de Plesetsk, às 22:00 horas, hora de Moscovo.

O propulsor Persei, uma versão moderna de uma unidade originalmente destinada ao foguetão Proton-M, foi desenvolvido pela RSC Energia.

Roscosmos Dmitry Rogozin, chefe da empresa espacial estatal russa, realçou anteriormente que o propulsor Persei seria lançado pela primeira vez no foguetão de carga pesada, Angara-A5, em 2021.

Holger Krag, chefe do gabinete de detritos da Agência Espacial Europeia, referiu, em entrevista à CNN, que “é seguro dizer que nas próximas 24 horas estará em Terra, mas ninguém sabe onde porque, durante várias horas, fará várias voltas ao globo”.

A maior parte dos detritos espaciais acaba por incendiar-se ao reentrar na atmosfera terrestre, mas é possível que partes maiores possam causar danos se caírem em regiões habitadas.

Embora seja pouco provável o Angara-A5 causar danos ou ferir alguém, “o risco é real e não pode ser ignorado”, alertou o chefe de gabinete.

O que resta do foguetão russo está a viajar a uma velocidade de 7,5 quilómetros por segundo, e a sua latitude de reentrada estima-se entre os 63 graus a norte e a sul do equador, indicou ainda Holger Krag.

Em maio de 2021, a NASA teceu duras críticas à China por falhar os “standards de responsabilidade”, após os destroços de um foguetão fora de controlo caírem no Oceano Índico.

Neste caso, acredita-se que o fragmento do foguetão russo é mais pequeno, pesando cerca de quatro toneladas, sem combustível. O foguetão chinês Long March pesava cerca de 20 toneladas.

O propulsor Persei tinha, no total, dez metros. Embora pesasse menos, carregava cerca de 16 toneladas de combustível.

Jonathan McDowell, astrónomo no centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, explica que “a massa total é semelhante ao fragmento chinês, mas a maior parte é provavelmente líquida e arderá na atmosfera, o que significa que o risco e significativamente inferior”.

O astrónomo acrescenta ainda que não estava planeado o foguetão russo entrar na atmosfera desta forma, mas sim ficar em órbita durante milhares de anos. 

ZAP //

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