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Coronavírus: “Produzimos a vacina e não queremos dinheiro. É uma oferta”

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Peter Hotez / Twitter

Peter Hotez e Maria Elena Bottazzi, líderes da investigação

De um hospital pediátrico no Texas chega uma nova vacina, sem patente, e que já chegou à Índia.

Chama-se Corbevax e é uma vacina contra o coronavírus. Mas esta vacina proveniente dos Estados Unidos da América não é “mais uma” vacina que vai ser comercializada em dezenas de países. Foi anunciada apenas na semana passada e tem algo diferente.

Investigadores do hospital pediátrico do Texas e da escola de medicina de Baylor (também no Texas) produziram uma vacina que tem a particularidade de a patente…não existir.

“O nosso centro pediátrico do Texas não planeia ganhar dinheiro com isto, é uma oferta para o mundo“, explicou Peter Hotez, um dos líderes deste projecto.

Como não há patentes nem outras burocracias extra envolvidas, esta vacina, sublinha o professor, deverá ser a vacina mais barata de todas, entre as que já foram produzidas para tentar travar a COVID-19.

Esta é uma parceria entre os norte-americanos e uma empresa indiana de produtos biológicos, a Biological E. Limited. O investigador indicou que já há 150 milhões de doses disponíveis e, a partir de Fevereiro, vão ser produzidas 100 milhões de doses por mês – mais do que os números previstos pelo próprio governo dos EUA.

A nível técnico, Peter Hotez explicou que, para produzir esta vacina, foi utilizada uma antiga tecnologia de fermentação de levedura de proteína recombinante, semelhante à usada para a vacina contra a hepatite B (que existe há 40 anos).

A Corbevax concentra-se na proteína de pico do coronavírus, mas em vez de usar mRNA para direcionar as nossas células para produzir internamente essas proteínas de pico, entrega proteínas de pico cultivadas em laboratório para o corpo.

Os resultados dos ensaios clínicos foram comparados com os números de uma vacina já aprovada, a Covishield (versão indiana da Astrazeneca), e confirmaram a sua eficácia. A vacina pode ser produzida em cada país; o hospital do Texas já transferiu a tecnologia para produtores de Índia, Indonésia, Bangladesh e Botswana.

A equipa de investigadores reuniu mais de 20 cientistas e foi liderada por Peter Hotez e por Maria Elena Bottazzi, também professora e uma das directoras no hospital pediátrico do Texas.

A investigação conjunta entre instituições de EUA e Índia começou no final de 2020 e houve ensaios clínicos ao longo de 2021, com milhares de participantes. Depois disso, a Corbevax mostrou ser segura e eficaz.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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