Portugal ainda não registou casos de infecção simultânea com os vírus da gripe e da covid-19, ao contrário do que já aconteceu noutros países. Mas o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) admite que podem vir a ocorrer devido ao aumento da actividade gripal.
“Com o aumento da circulação do vírus da gripe e a continuação da circulação do SARS-CoV-2, as co-infecções podem vir a ser detectadas“, refere à Lusa a responsável pelo laboratório nacional de referência para o vírus da gripe e outros vírus respiratórios do Departamento de Doenças Infecciosas do INSA, Raquel Guiomar.
Até agora, “não foram detectadas co-infecções covid/influenza”, refere ainda Raquel Guiomar, frisando que a pesquisa dos dois vírus “está a ser feita em paralelo em todas as amostras do programa nacional de vigilância da gripe e de outros vírus respiratórios”.
No passado domingo, o Ministério da Saúde de Israel confirmou à agência de notícias EFE que foi detectado, no país, o primeiro caso de contágio simultâneo pelo coronavírus SARS-CoV-2 e pelo vírus influenza numa mulher grávida não vacinada.
Esta co-infecção recebeu a designação “flurona” que junta os termos ‘flu’ (gripe em Inglês) e ‘rona’ (de coronavírus).
A mulher recebeu alta em 30 de Dezembro após ser tratada a sintomas ligeiros derivados dessa infecção dupla, revelou o jornal Times of Israel.
Casos de “flurona” terão sido detetados pela primeira vez nos Estados Unidos, durante o primeiro ano da pandemia de covid-19.
Os especialistas do Ministério da Saúde israelita acreditam que haja casos semelhantes, ainda não identificados, quando quase duas mil pessoas estão internadas por gripe e, ao mesmo tempo, estão a aumentar no país os casos positivos da variante Ómicron do SARS-CoV-2.
Gripe com tendência crescente
Em Portugal, o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe do INSA, divulgado em 30 de Dezembro, indica que Portugal apresenta uma actividade gripal com tendência crescente, com uma taxa de incidência de 19,9 casos por cada 100 mil habitantes.
Relativamente ao indicador de gravidade, foi reportado um caso de gripe (influenza A) pelas 17 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação, não tendo sido comunicadas situações de gripe pelas enfermarias.
Mais de 2,4 milhões de pessoas estão já vacinadas contra a gripe em Portugal, incluindo quase 1,5 milhões de idosos com 70 ou mais anos, que representam 88% destes grupos etários, de acordo com dados desta segunda-feira, 3 de Janeiro, da Direcção-Geral de Saúde (DGS).
Na análise de risco da pandemia divulgada na sexta-feira passada, o país apresenta uma actividade epidémica do coronavírus de intensidade muito elevada, com tendência crescente, registando-se, nesta segunda-feira, uma taxa de incidência nacional de 1.805,2 casos de infecção por 100 mil habitantes a 14 dias.
Desde Março de 2020, quando a covid-19 foi detectada pela primeira vez em Portugal, morreram 19 mil pessoas e foram contabilizados 1.434.570 casos de infecção, segundo dados da DGS.
ZAP // Lusa
Ok, alguém me explica porque o ano passado tivemos zero casos de gripe e agora já temos outra vez casos? O covid não tinha acabado com a gripe?
A sua dúvida revela tanto sobre as suas “certezas” que não valer a pena sequer perder tempo consigo.
Se nem sabe interpretar uma pergunta mais vale estar calado!!! Como é que uma PERGUNTA revela certezas???? Deve ter um QI extremamente elevado!
Era uma dúvida legítima? Assim sendo, começo por pedir desculpas. Posso dizer-lhe que a covid não acabou com a gripe, essa é uma pergunta que confunde duas coisas: (i) acabar com a gripe; (ii) evitar surtos de gripe. No ano passado, a covid apenas evitou surtos de gripe. Agora sobre a gripe. Todos os anos circulam cepas diferentes, uns anos mais contagiosas, noutros menos. Há também uma questão fundamental, a imunidade parcial da população. Por vezes, a gripe de há uns anos dá mais imunidade à gripe atual, outras vezes, dá menos. O ano passado, devido às medidas de contenção, evitou-se os surtos de gripe. Contudo, baixamos a imunidade da população à gripe, pois passou mais um ano. Acresce que a cepa deste ano dista 2 anos da última que produziu surtos, diminuindo ainda mais a possibilidade de a nossa imunidade se manter. Assim, este ano, caso a cepa fosse pouco contagiosa, poderíamos voltar a ter um ano sem gripe, dado que mantemos parte das medidas restritivas. Mas nesse caso, a gripe do próximo ano teria muitas chances de se propagar fortemente (pela perda de imunidade). Pelo que vemos, a gripe deste ano está a produzir surtos, é mau para este ano, mais “salva” o próximo.