As restrições às viagens tem intensificado ainda mais a falta de trabalhadores em muitos países, que estão agora a relaxar as leis da imigração e a oferecer melhores condições na esperança de atrair mão de obra estrangeira.
Com a falta de mão de obra que se tem notado um pouco por todo o lado, vários países estão a apostar na imigração como resposta. Em Portugal, um dos principais exemplos é o do sector da hotelaria e do turismo, que defende a criação de fluxos de trabalhadores de Cabo Verde ou das Filipinas, nota o ECO.
Os EUA enfrentam mais dificuldades, já que muitas empresas também dizem ter falta de trabalhadores que pode ser colmatada com mão de obra imigrante, mas o legado das políticas de imigração Donald Trump, que estão maioritariamente a ser mantidas por Joe Biden, dificultam os processos com burocracias infindáveis.
De momento, estão pendentes mais de 1,3 milhões de pedidos de contratos de estrangeiros por parte de empresários norte-americanos ao mesmo tempo que 1,5 milhões de imigrantes pediram uma autorização de residência que é dada a 140 mil pessoas por sorteio anualmente. As restrições nas viagens também são um entrave.
O Canadá abriu este ano a porta a 401 mil imigrantes, o maior número de sempre no país e o dobro do ano passado. Os números têm aumentado consistentemente no governo de Justin Trudeau e o país está agora a caminho de duplicar o os 287 mil estrangeiros que tiveram um visto em 2015, ano em que chegou ao poder.
Na Alemanha, o novo governo de Olaf Scholz quer seguir no mesmo caminho e está a ponderar avançar com uma lei que concede a dupla nacionalidade, visto que actualmente a lei obriga os imigrantes a renunciar à cidadania anterior para conseguirem a cidadania alemã. O novo chanceler também referiu que o país precisa de imigrantes para “para preencher as lacunas no mercado de trabalho”.
No Reino Unido, a crise e o encerramento de fronteiras foram ainda mais agravados pelo Brexit, o que levou a uma enorme escassez de motoristas nos últimos meses. Para tentar atrair mão de obra qualificada, Boris Johnson aprovou regras que determinam que os candidatos a um visto devem ter uma oferta de emprego com um salário mínimo anual de 25 600 libras.
O país criou também vistos extraordinários para trabalhos onde se nota uma grande escassez, como foi o caso dos camionistas, mas apenas uma centena de pessoas se candidatou às milhares de vagas existentes.
No Norte da Europa, a Finlândia está a oferecer vistos de trabalho para imigrantes que só tinham vistos para estudar. Já a Dinamarca seguiu outro caminho e está a apertar os critérios para os vistos, apesar de querer atrair 20 mil trabalhadores. Quem não trabalhar pelo menos 37 horas por semana perderá todos os apoios do Estado.
A Suécia está a seguir o exemplo dinamarquês, com a nova primeira-ministra a considerar “completamente irracional importar milhares de trabalhadores quando tantos suecos foram despedidos por causa da crise do coronavírus”, acrescentando que “há 200.000 pessoas na Suécia que são desempregadas de longa duração”.
O sul espelha os mesmos problemas que o Norte. O Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, já disse que Portugal precisa de mão de obra imigrante para enfrentar a crise e propôs um aumento do número de vistos de residência permanente que são concedidos. A Associação da Hotelaria de Portugal também já disse que o sector precisa de mais 15 mil trabalhadores para colmatar as necessidades.
Do outro lado da fronteira, o mais recente inquérito de actividade do banco central de Espanha mostra que o número de empresas com dificuldades em encontrar trabalhadores subiu de 13,2% para 27,2%, reforçando que a escassez leva ao aumento dos custos laborais com a subida dos salários. O governo decidiu assim encurtar a espera dos imigrantes para obterem um diploma universitário de entre nove meses e dois anos para não mais que seis meses.
Já a Grécia criou uma campanha para garantir que os estudantes estrangeiros têm autorizações para trabalhar no país. Em Itália, a falta de trabalhadores para o sector agrícola também se notou em 2020.
O Japão é um dos países mais fechados à imigração, mas a escassez de mão de obra e o envelhecimento do país estão a obrigar a mudanças. O Ministério da Justiça japonês anunciou que permitirá aos funcionários de vários sectores, especialmente da agricultura e construção, e respectivas famílias ficarem no país indefinidamente a partir de 2022.
No Médio Oriente, os Emirados Árabes Unidos têm criado iniciativas para atrair teletrabalhadores, como a recente criação da semana de trabalho de quatro dias e meio e a adopção do fim de semana aos sábados e domingos, em vez de à sexta e sábado, como é comum no mundo muçulmano. Foi também aberta a possibilidade de atribuição da dupla nacionalidade a estrangeiros qualificados que trabalham no país.
A Austrália e a Nova Zelândia também seguiam a tendência de apertar as regras para os imigrantes, mas a crise obrigou a relaxamentos. A Austrália já está a permitir a entrada de mais trabalhadores e espera acolher mais 200 mil pessoas. Já os neo-zelandeses vão permitir que 165 mil vistos de trabalho temporário possam passar a ser permanentes.
Os paises ricos na europa não têm fazer nada para atrair migrantes.
O reino unido só tem de ir a Calais na França e dar vistos aos largos milhares que lá estão à espera da vez para entrar à força num camião.
Os refugiados andam por aí aos montes, é só dar-lhes vistos.
Mas nunca é assim tão simples, pois não?
Os países ricos querem trabalhadores mal pagos para fazerem os serviços que os seus cidadãos nacionais não querem fazer.
E os imigrantes mais espertos também não querem fazer esses trabalhos, só os que estão mesmo à rasca é que se sujeitam por necessidade.
Apanhar chuva e neve no norte da europa, ver o sol uma vez no ano e ser mal pago não é o sonho de ninguém.
Nenhum país que queira ter futuro pode ter uma política de imigração que não esteja assente em três pilares: mérito, necessidade e potencial de integração do imigrante. A experiência de outros países ocidentais mostrou-nos erros que não devemos repetir. A este respeito, vale a pena ler o artigo do The Economist intitulado «Why have Danes turned against immigration?». Um excerto relevante: “Em outubro, o Ministério das Finanças [da Dinamarca], no seu relatório anual, estimou que em 2018 os imigrantes de países não ocidentais e seus descendentes receberam 31 mil milhões de coroas das finanças públicas, cerca de 1.4% do PIB. Os imigrantes de países ocidentais, por outro lado, contribuíram com 7 mil milhões de coroas.”
“Potencial de integração do imigrante” é o conceito-chave quando falamos de imigração proveniente de África e Médio Oriente.
A emigração (atenção ao “e”) é um direito humano. Proibi-la seria o mesmo que impedir um trabalhador de demitir-se de uma empresa ou um cônjuge de divorciar-se. Já a imigração (atenção ao “i”) não pode ser considerada um direito humano. Isso seria o mesmo que obrigar uma empresa a empregar qualquer candidato que irrompa pelas suas instalações adentro ou uma mulher ser obrigada a proporcionar afeto a qualquer homem que lhe faça uns avanços. Um indivíduo deve ser livre de separar-se, de desvincular-se, de partir. Mas para unir-se, para incorporar-se é sempre necessário que outra parte esteja de acordo. Não entender este conceito elementar, assim como não compreender que uma boa política de imigração deve ter por base critérios de mérito, necessidade e disposição para se integrar é um erro. Erro cujo exemplo está à vista de todos em Clichy-sous-Bois, Luton, Malmo, Marselha, Molenbeek e outros desastres do multiculturalismo.