Há uma semana no cargo, Olaf Scholz já começou a enervar os jornalistas com as suas respostas excessivamente pragmáticas

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Felipe Trueba / EPA

Nos poucos dias em que esteve aos comandos de um dos principais governos europeus, o líder dos sociais-democratas europeus tem fintado os jornalistas com respostas que poucos sinais dão sobre quais serão os seus próximos semanas.

Apesar de ter assumido o cargo de chanceler há cerca de uma semana, o período de tréguas entre Olaf Scholz e a imprensa alemã parece já ter acabado, uma vez que os jornalistas começam a mostrar já sinais de descontentamento face às respostas pouco concretas e conclusivas que o governante tem por hábito dar quando lhe são colocadas questões. Este já era um dos seus “talentos políticos” mais conhecidos — mesmo durante o período em que ocupou o cargo de ministro das Finanças de Angela Merkel —, mas a maior visibilidade que tem atualmente adensou a questão.

Esta semana o problema foi ainda mais visível quando Olaf Scholz se apresentou perante os meios de comunicação juntamente com o seu homólogo polaco, Mateusz Morawiecki, e foi questionado sobre os seus planos relativamente ao polémico gasoduto que a Alemanha partilha com a Rússia — e que a Polónia quer ver destruído. Na resposta, o chanceler afirmou que a Alemanha, num período de 25 anos, “o que não é muito tempo” deixaria de usar o gás como uma fonte de energia de qualquer forma.

No dia anterior, também a propósito de uma reunião com outro líder europeu, Emmanuel Macron desta feita, Scholz respondeu com três frases genéricas a questões relacionadas com uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia e com a revisão do tratado de Maastricht a propósito dos critérios — ao passo que o presidente francês demorou quase três minutos a esclarecer a imprensa.

“Uma coisa é clara neste momento: temos de cooperar, temos de agir e esforçarmo-nos por esta Europa. Mas isso requer que as nossas fronteiras aguentes, pelo que estamos a trabalhar para amenizar a escalada de conflito. E queremos garantir que o futuro está aberto para todos”, afirmou.

Os primeiros sinais de que este seria o seu estilo de comunicação foram dados no início do mês, aquando da apresentação do seu governo de coligação. Nesse contexto, Olaf Scholz optou por responder ao lado de uma questão feita por um jornalista neerlandês sobre se se sentia responsáveis pelos protestos violentos que ocorreram em Hamburgo, em 2017, durante a cimeira do G20 — num momento em que o atual chanceler era presidente da câmara desta cidade.

“Durante as negociações para esta coligação concordámos em fazer tudo o que está ao nosso alcance para garantir a segurança interna. As forças de segurança irão receber todos os recursos para garantir que o crime não tem espaço na Alemanha”, disse na altura.

Esta sucessão de acontecimentos remeteu os jornalistas para um termo cunhado em 2003 pelo semanário Die Zeit, o Scholzomático — em tradução livre para português —, quando o atual chanceler era secretário-geral dos sociais-democratas alemães, durante o período em que Gerhard Schröder estava no poder. Ainda assim, vale a pena notar que o estilo de Scholz não está muito longe do de Angela Merkel, cujos discursos eram propositadamente lineares, de forma a não gerar incidentes diplomáticos.

“Cada frase que um político diz tem que ser dita num modo que seja percetível para todos, mesmo para aqueles que não estão presentes”, disse o atual chanceler numa entrevista. “Não podemos estar dependentes da contextualização que seja dada para a frase que seja dita”, explicou, citado pelo The Guardian.

ZAP //

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2 Comments

  1. “sobre quais serão os seus próximos semanas.”

    Excelente sentido que essa frase tem. A negrito e tudo que é para não passar despercebida, excepto por quem a escreveu!! lol

    “Mas isso requer que as nossas fronteiras aguentes” ai aguentes aguentes…!! lolol

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