O fim da suspensão vai avançar nos próximos dias, mas mantém-se a exigência de testes negativos no embarque e à chegada e a realização de quarentena.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros anunciou esta sexta-feira que os voos comerciais com Moçambique vão ser retomados, depois de terem sido cancelados a 1 de Dezembro devido à presença da nova variante Ómicron na África austral.
“Os voos comerciais serão retomados com Moçambique. Estamos a preparar a alteração do despacho que o vai permitir”, afirmou Augusto Santos Silva à RTP.
Santos Silva adianta que a retoma será “imediatamente, nos próximos dias” e que a decisão não resultou de “nenhuma pressão”. “Vamos ainda realizar dois voos de repatriamento e depois serão os voos comerciais normais. A TAP estava a realizar dois voos semanais para Maputo e terá condições para retomar esses voos”, disse.
O anúncio da suspensão dos voos foi feito a 26 de Novembro e estava inicialmente previsto que ficasse em vigor até 9 de Janeiro.
“Suspendemos os voos comerciais para que as autoridades sanitárias tivessem tempo para estudar a nova variante Ómicron e para perceber se a nova variante obrigaria a restrições adicionais”, reforça Santos Silva, acrescentando que a variante “obriga a cuidados adicionais”, mas não é razão “para manter os voos suspensos”.
Apesar das viagens serem retomadas, os passageiros vão ter de continuar a manter os mesmos cuidados para que “a situação actual que se vive em Portugal se mantenha controlada”.
“Os voos comerciais serão retomados com Moçambique, sendo certo que manteremos estes três cuidados, para os quais pedimos a compreensão de todos: exigência de teste negativo à covid-19 para embarcar, realização de um novo teste já em Portugal e também a realização de quarentena”, alertou Augusto Santos Silva.
Recorde-se que na quinta-feira, durante o primeiro debate da Comissão Permanente da Assembleia da República já após a dissolução, o primeiro-ministro já se tinha manifestado contra a suspensão dos voos, considerando-a “inaceitável” porque “a situação não o justifica”, como os voos humanitários já o mostraram.
“Não somos favoráveis nem julgamos que seja uma medida eficaz a restrição de voos. A União Europeia deve ir ajustando as medidas adoptadas à evolução do conhecimento” da situação, afirmou António Costa.
As restrições aos voos para os países da África austral tem também sido alvo de críticas dos governos destes estados e das Nações Unidas, tendo António Guterres já se referindo à situação como “apartheid de viagens“.
Foram já detectados 37 casos da variante Ómicron em Portugal, estando a maioria ligada ao surto no plantel do Belenenses SAD, mas houve já três casos identificados num voo de repatriamento vindo de Moçambique.