Novo tipo de terramoto descoberto. É desencadeado por fracking

Uma equipa de cientistas descobriu recentemente um novo tipo de terramoto na Colúmbia Britânica, no Canadá.

O novo tipo de terramoto induzido foi desencadeado por uma fratura hidráulica, um método conhecido como fracking utilizado na parte ocidental do Canadá para a extração de petróleo e gás.

De acordo com a Forbes, ao contrário dos terramotos convencionais da mesma magnitude, estes eventos são mais lentos e duram mais tempo.

Com uma rede de oito estações sísmicas à volta de um poço de injeção a distâncias de poucos quilómetros, investigadores do Geological Survey of Canada, Ruhr-Universität Bochum e da Universidade McGill registaram dados sísmicos de, aproximadamente, 350 sismos.

Cerca de 10% dos sismos localizados exibiram características únicas, nomeadamente o facto de se terem desenvolvido mais lentamente – um evento semelhante ao que foi observado anteriormente em áreas vulcânicas.

Segundo o estudo, publicado na Nature Communications em novembro, a ocorrência de terramotos desencadeados por fraturas hidráulicas pode ser explicada por dois processos.

O primeiro sugere que o fluido bombeado na rocha produz um aumento de pressão substancial capaz de gerar uma nova rede de fraturas nas rochas subsuperficiais perto do poço. Como resultado, o aumento de pressão pode ser suficiente para soltar as falhas existentes e desencadear um terramoto, libertando a energia acumulada devido ao stress tectónico.

Por outro lado, o aumento da pressão do fluido injetado na subsuperfície também exerce mudanças de tensão elástica nas rochas circundantes que podem ser transmitidas por distâncias mais longas. Se as mudanças de tensão ocorrem em rochas onde existem falhas, isso pode causar mudanças que fazem com que a falha produza um sismo.

Deslizamento assísmico

Recentemente, modelos numéricos e análises de laboratório previram um processo atípico de formação de terramotos em falhas perto de poços de injeção que também foi observado em falhas tectónicas.

O processo, denominado deslizamento assísmico, começa como um deslizamento lento que não liberta qualquer energia sísmica e pode causar uma mudança de stress em falhas próximas, fazendo com que escorreguem rapidamente e causem um tremor de terra.

A investigação revelou que a falta de energia sísmica desse deslizamento, assim como o tamanho das falhas envolvidas, tornam o processo difícil de ser observado na natureza. Por isso é que nenhum estudo foi capaz de documentar o deslizamento assísmico com associação a terramotos induzidos.

Agora, este novo trabalho fornece evidências indiretas de carga assísmica e uma transição deste tipo de deslizamento assísmico para o sísmico.

Na prática, os sismos lentos recentemente descobertos são uma forma intermédia de sismo convencional e deslizamento assísmico, o que prova que este último fenómeno pode também acontecer nas proximidades de poços.

A essa forma intermédia, os cientistas deram o nome de terramotos em forma de onda de frequência híbrida (EHW).

Esta descoberta pode ajudar a minimizar os danos causados por tremores de terra desencadeados por fraturas.

ZAP //

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