Na Rússia, os comediantes estão a ser coagidos e perseguidos judicialmente pelas autoridades devido a sátira política que ofenda Putin, os seus aliados ou o patriotismo russo.
Um grupo de comédia russo enfrenta oito anos de prisão após ter publicado um sketch satírico em que um líder político bêbado fictício explode um poster eleitoral do partido de Vladimir Putin com um lança-granadas.
Os comediantes foram acusados de “vandalismo extremo”, escreve o The Washington Post.
“Não somos criminosos. Eles estão a tentar transformar-nos em criminosos. Não somos hooligans. Somos apenas uma equipa de filmagens comum”, disse o diretor Andrei Klochkov numa entrevista à comunicação social russa.
Desde estas palavras de Klochkov, o grupo natural de Ussuriysk, uma pequena cidade a lesta do país, está proibido pelo tribunal de prestar declarações aos media.
As autoridades russas estão a deter comediantes, tentando silenciar qualquer tentativa de sátira política ousada que ofenda Putin, os seus aliados ou o simples patriotismo russo.
Se o stand-up e as publicações nas redes sociais eram vistas como um espaço livre de censura, esta realidade está a mudar.
O comediante Kirill Sietlov, que esteve detido no início deste ano, acusado de ter organizado uma manifestação, diz que a Rússia “lançou uma verdadeira campanha de medo e ódio”.
A perseguição por parte das autoridades russas levou alguns comediantes a reverem o seu conteúdo na internet, apagando qualquer tipo de piada que possa ser considerada ofensiva a Putin.
Há agentes à paisana infiltrados em clubes de stand-up e até ameaças de morte a vários comediantes. Até uma simples paródia no YouTube não escapa ao lápis azul da censura russa.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a sátira política de que “não ultrapassa os limites” não é processada — mas avisou que “essa linha é muito ténue”.
A lei “estipula a responsabilidade de insultar e humilhar funcionários do governo”, acrescentou.