O atual líder do PSD considera que o facto de o seu rival o acusar de se estar a candidatar a vice-primeiro-ministro de António Costa só mostra uma “fraqueza muito grande na argumentação”. Paulo Rangel, por seu lado, diz que Rui Rio só faz acusações “gratuitas”.
Os dois candidatos à liderança do PSD foram entrevistados à vez pela RTP, esta segunda-feira, e, sem saber as respostas um do outro, esgrimiram argumentos como puderam e tentaram marcar as diferenças das suas candidaturas.
A certa altura, Paulo Rangel acusou Rui Rio de se estar a candidatar a vice-primeiro-ministro de António Costa, afirmação que já levou o atual líder laranja e recandidato ao cargo a reagir.
“Nota-se uma fraqueza muito grande na argumentação. (…) Ninguém neste momento entende como necessário um bloco central, ninguém vai fazer isso. Quando Paulo Rangel diz que não corre para vice-primeiro-ministro… Não sabe o que há-de dizer e inventa essa. Não tem pés nem cabeça. Não tem sentido nenhum”, afirmou Rio no Funchal, no segundo dia de campanha interna, citado pelo Observador.
“Era bom que os argumentos fossem mais reais e mais sustentáveis. Mas para isso é preciso tempo e ele não tem. Portanto, todos os dias diz qualquer coisa”, acrescentou, fazendo notar que esta tentativa de o colar a Costa só tem como objetivo “iludir as pessoas”.
“Num dia diz uma coisa, no dia seguinte procura dizer a mesma coisa de forma diferente”, disse ainda, voltando a acusar o eurodeputado de “falta de preparação para o lugar a que se propõe”.
“Ninguém se consegue preparar em 30 ou 60 dias” para o cargo de primeiro-ministro, vincou Rio, também citado pelo semanário Expresso.
Questionado pelos jornalistas sobre que preocupações leva à reunião de quarta-feira com o primeiro-ministro dedicada à situação epidemiológica, Rio respondeu que “são as preocupações de qualquer português“.
“Ou seja, a pandemia está outra vez a agravar-se, não só em Portugal como em toda a Europa”, salientou o social-democrata, acrescentando que é necessário montar as estruturas necessárias à administração da terceira dose.
“Nós temos hoje um conhecimento acumulado que não tínhamos há um ano e, portanto, temos de aproveitar esse conhecimento acumulado aos mais diversos níveis, até ao nível da montagem rápida de uma estrutura de vacinação.”
“O Governo tem de estar capaz de rapidamente voltar a montar as estruturas, que entretanto desmantelou, no sentido de nós conseguirmos levar a terceira dose rapidamente”, defendeu.
Interrogado se chamaria o vice-almirante Gouveia e Melo para liderar novamente o processo de vacinação, o presidente do PSD afastou essa hipótese.
“Tenho um apreço enorme pelo trabalho do almirante Gouveia e Melo. E acho que todo o país lhe está agradecido. Todos nós reconhecemos isto, mas também dizer que temos de chamar o almirante Gouveia e Melo outra vez é dizer, por exemplo, que nas Forças Armadas são todos meios incompetentes e que só há um competente“, justificou.
Rangel diz que Rio faz acusações “gratuitas”
Segundo o Observador, à saída de uma reunião com o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Paulo Rangel decidiu responder a Rio, recusando ter posições contraditórias.
“Não sou eu que digo que as quotas são necessárias e que depois não deve haver eleições por quotas. Não fui eu que mudei as datas das eleições três vezes dentro do PSD”, atirou.
O candidato ao trono laranja também voltou a recusar as acusações do atual presidente do PSD de que não está preparado para ser primeiro-ministro, tendo considerado que Rio faz acusações “gratuitas”.
Na sequência da reunião com António Saraiva, o eurodeputado defendeu o “reforço da Concertação Social” e acusou o atual Governo de a “destruir” e “ignorar” nos últimos seis anos.
“Com o PSD no Governo, nós vamos reforçar a Concertação Social: Portugal só cresceu a sério quando os parceiros sociais fizeram acordo e, portanto, é preciso pôr as entidades patronais e sindicais a uma mesa e valorizar isso”, declarou.
Entre as medidas defendidas pelo candidato à liderança social-democrata está a redução do IRC.
“Temos que vir para números que venham para baixo dos 20% e temos que fazer majorações: por exemplo, as empresas que não distribuírem dividendos e reinvistam os seus lucros, essas empresas naturalmente devem ter uma majoração”, exemplificou.
O eurodeputado considerou que existe “uma carga fiscal máxima” e “serviços públicos mínimos”, apontando para um “colapso na saúde” com as recentes demissões em serviços de urgência ou na vacinação que “derrapou” com a saída do vice-almirante Gouveia e Melo.
“O Governo não consegue sequer gerir os serviços públicos essenciais. É preciso uma alternativa e o PSD é essa alternativa”, sublinhou.
Além do IRC, Rangel defendeu ainda uma “aceleração da formação profissional”, matéria que disse ter abordado nesta reunião, e insistiu na importância de aproveitar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para “promover a digitalização em alguns serviços públicos essenciais, como forma de aliviar custos de contextos das empresas”.
“Sabendo nós que vamos ter mais ou menos entre seis mil a sete mil milhões de euros por ano para despender com fundos europeus até 2030, quando a média portuguesa – e não executávamos todos – era três mil milhões, temos que terminar com esta burocracia do Estado”, acrescentou.
Insistindo que “o voto no PS hoje é inútil” e se “esgotou”, Rangel advogou que o PSD tem que ser uma “alternativa clara, credível e responsável para modernizar o país”.
Mais de 46 mil militantes do PSD vão a votos, no próximo sábado, nas eleições diretas para escolher o presidente do partido.
ZAP // Lusa