Candidatos laranja no debate possível: Rangel tentou colar adversário ao PS, Rio bateu na tecla da falta de preparação

3

ppdpsd / Flickr

Rui Rio com Paulo Rangel

Rui Rio com Paulo Rangel

Rui Rio e Paulo Rangel, os dois candidatos ao trono laranja, foram entrevistados à vez pela RTP, esta segunda-feira. Sem que soubessem o conteúdo das respostas do adversário, esgrimiram argumentos e tentar marcar as diferenças das candidaturas à presidência do PSD.

O pontapé de saída coube a Paulo Rangel, que colou o adversário ao partido do Governo. “Rui Rio tem tido sempre um discurso que prevê acordos e consensos com o PS. É um líder do sistema. Está há 40 anos no sistema”, atirou.

Rui Rio respondeu, sublinhando que a maior diferença entre ambos “é a preparação para o cargo de primeiro-ministro“.

“Paulo Rangel vai ter de fazer um curso intensivo. É dificílimo alguém se conseguir preparar para primeiro-ministro num espaço tão curto de tempo”, contra-atacou o líder social-democrata.

Rangel retorquiu, deixando claro que não está “a concorrer para ser vice-primeiro-ministro”. “Estou a concorrer para ser o candidato desta alternativa forte ambiciosa.”

O eurodeputado voltou a colar o adversário aos socialistas, lembrando as declarações de Eduardo Ferro Rodrigues e de Augusto Santos Silva, que esta segunda-feira acusou Rangel de representar a herança do passismo.

“Se os socialistas estão interessados em que Rui Rio seja o líder do PSD isso diz muito“, destacou Rangel.

Enquanto insiste no argumento da colagem, Rui Rio bate na tecla da falta de preparação: “[Paulo Rangel] está sempre em ziguezagues, a ziguezaguear por aí. Não tem o discurso e a preparação consolidada”.

Governar sem maioria e as ideias para o país

Rui Rio admite dar a mão ao PS, Paulo Rangel rejeita a ideia. Aliás, diz mesmo que a única forma de o fazer passa por não admitir cenários pós-eleitorais que não passem pela maioria do PSD – quer a absoluta, quer uma maioria estável com partidos parceiros.

Ainda assim, salienta o Expresso, o eurodeputado não diz claramente que em nenhum momento viabilizará um Governo socialista.

Questionado sobre se não fará qualquer acordo com o PS, respondeu apenas: “Posso claramente dizer que vamos afirmar-nos como alternativa clara ao PS. O Governo do PS está esgotado e o país está estagnado. Veja-se o que está a acontecer na saúde, veja-se o que está a acontecer na educação, com 20 mil professores em falta, esta solução está esgotada.”

Rio, que pede uma “maioria sem linhas vermelhas“, diz que o PSD tem de ser “claro”.

“Eu sou claro: fazer um bloco central está fora de questão, não vejo necessidade, outra coisa é ter um nível de responsabilidade e impedir a inviabilização da governação do país”, afirmou, defendendo que todos os partidos devem ter a obrigação de dialogar se não houver maiorias clara.

No entanto, tal não é o mesmo que dizer que há apoios grátis. “Não há apoios grátis de certeza, nem eu estou a contar com apoios grátis do CDS, do IL ou do PS ganhando eu as eleições.”

Sobre as ideias que têm para o país, os candidatos convergem. Ambos querem Portugal a crescer, com mais emprego e melhores salários.

Rangel puxou pela reforma fiscal, em particular no IRC; insistiu na reforma da Justiça; na desburocratização da Administração Pública; e defendeu uma aposta na formação e requalificação dos trabalhadores.

Já Rio frisou ser imperativo resolver o problema da economia estagnada que “canaliza o crescimento económico através do consumo público e consumo privado”. “Tenho de ter uma política de apoios às PME [ com especial incidência no IRC] e não uma política que vai pelo consumo, porque isso dá um desequilíbrio na balança de pagamentos.”

Numa campanha interna sem direito a debates entre os candidatos, este foi o frente-a-frente possível. Mais de 46.000 militantes do PSD vão poder escolher o próximo presidente do partido este sábado.

Liliana Malainho, ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

3 Comments

  1. Não entendo o Rio. Não tinha tempo para debater dentro do partido. Contudo, agora vemo-lo na Madeira a fazer campanha. Foge ao debate. Em 4 anos não preparou alternativa, o que é lamentável. Para quem se diz estar preparado para ser 1* Ministro, esperava-se mais. Parece ser um aliado do PS. O PSD tem de acordar e mudar de líder, que dê esperança aos portugueses e mude este governo de ouro marketing.

    • O PSD com o ultraliberalismo do patos Coelho num autêntico desastre. A divisões foram tantas que ele provocou no partido que eu julgo que o psd ficará por uns anos completamente despedaçado. Essas políticas baseadas na austeridade e no retrocesso deixaram nos portugueses as piores lembranças .
      O Rangel não é o indicado , dado que é passista e não lhe são atribuídas as capacidades necessárias para estar à frente do psd.
      Rio é um político mais experimentado , mais cordato . Para já Costa será o político mais moderado com melhoramentos que terá de fazer , acabando com muitos dos impostos abusivos que foram postos no tempo do Gaspar. Há muitas pessoas que ainda pagam esses desmandos autoritários.

  2. Rangel é um mandatário intrínseco do Passismo. Ora como ficou provado nesse triste período ,as medidas adotadas não foram convincentes . Basearam-se numa austeridade sem precedentes , que puseram de joelhos o povo, cuja lembrança ficará na história como a pior de sempre. Rangel acrescentará mais divisões num partido altamente fraturado , para o qual o passismo foi um contributo . Além disso é alguém que não tem a experiência que não pode faltar nestes cargos , senão podemos cair numa desgovernação ou no amadorismo que já se verificou.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.